Paloma (à esq.) ao lado da amiga Jéssica Cristina
(Foto: Jéssica Cristina/ Arquivo Pessoal)
“Ela amava o futsal e queria fazer faculdade de educação física. O sonho dela era ganhar dinheiro com o esporte para reformar a casa da mãe”, disse Daiane Thais Silva, de 20 anos, amiga da jogadora de futsal feminino de São João da Boa Vista (SP), que morreu após ter o carro atingido por um comerciante que disputava uma racha na Rodovia Governador Ademar Pereira de Barros (SP-342), na madrugada de sábado (13). O acidente também tirou a vida de um treinador de futsal de 63 anos e deixou uma treinadora ferida.
Segundo a Polícia Civil, Paloma Heloísa da Silva Reis saía da Exposição Agropecuária, Industrial e Comercial (Eapic) com a treinadora do time feminino de futsal Cristiany Borato e o técnico José Carlos Cessa Luiz. Foguinho, como era conhecido, morreu na hora. A treinadora de 25 anos teve alta da Santa Casa no domingo, mas não quis comentar o assunto.
Daiane morava com Paloma há seis meses. "Eu jogava desde os 12 anos com ela", contou. A jogadora era muito querida por todos. "Ela jogava com raça e amava fazer as pessoas rirem”, disse a amiga e companheira de equipe Jéssica Cristina Alves, de 22 anos.
Os amigos não se conformam. “A Paloma foi quem colocou o nome do time em que jogávamos de Dinamite. Eu ainda acho que é um pesadelo e que ela vai jogar na próxima partida. Não consigo aceitar”, contou Jéssica.
Daiane Thais (azul), técnico Pedro Luis e Paloma
(branco) (Foto: Daiane Thais Silva/ Arquivo Pessoal)
“Anos não seriam suficientes para descrever a Paloma. O pior de tudo, é que a gente dá mais valor quando perde. Agora vemos o quanto essa menina era amada mesmo”, comentou o técnico Pedro Luis Datovo.
Agora, familiares e amigos esperam por justiça. “Meu medo, é que logo os dois homens das caminhonetes, que possuem dinheiro para pagar fiança, vão estar soltos e dinheiro nenhum vai trazer minha amiga de volta”, lamentou Jéssica.
Velório
No velório de Paloma, que ocorreu em Poços de Caldas (MG), na tarde de domingo (14), o sentimento era de indignação e dor. “Tinha muita gente, todos inconformados. No momento do enterro começou tocar a música "Amigos pela Fé", do grupo Anjos de Resgate. A mãe dela chorava e gritava, estava inconsolável, foi muito triste. Parece um pesadelo, perdi uma amiga que para mim era como irmã”, falou Jéssica.
“Foi um enterro que jamais vai ser esquecido, emocionante. Muitas pessoas foram, ela era muito querida. Nós tínhamos sete anos de amizade, Paloma era minha amiga, parceira e irmã”, contou Daiane.
Equipe de futsal feminino de Divinolândia, SP (Foto: Jéssica Cristina/ Arquivo Pessoal)
O acidente
O acidente aconteceu por volta das 3h de sábado. Segundo a Polícia Civil, duas caminhonetes tiravam uma racha na rodovia sentido São João, quando uma delas atingiu a traseira do carro em que estavam Paloma, Foguinho e Cristiany. Os motoristas que disputavam a corrida ilegal foram presos.
Ao fazer a abordagem, os policiais constataram que eles estavam com sinais de embriaguez, entretanto, se recusaram a fazer o teste do bafômetro. Ambos são comerciantes de São João da Boa Vista, um de 32 anos e o outro de 38. Segundo o boletim de ocorrência, eles estavam a 170 quilômetros por hora, mais que o dobro do permitido no local que é de 80 por hora.
Eles prestaram depoimento e foram indiciados por homicídio qualificado, embriaguez ao volante, prática de racha e lesão corporal dolosa. O advogado dos comerciantes foi procurado para comentar o assunto, mas não retornou às ligações.
Veículo em que vítima estava ficou destruído após colisão (Foto: Arthur Santos/arquivo pessoal)
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