Polícia tenta localizar endereço de Daniel Barata para intimá-lo a depor. Parente de empresário de transportes negou agressão em rede social.
Parente de noiva atirou o cinzeiro, diz ferido no Rio
Daniel, sobrinho de Jacob Barata, é o principal suspeito da agressão a Ruan, segundo delegado (Foto: Erick Dau/Futura Press/Estadão Conteúdo)
O estudante Ruan Martins Nascimento, de 24 anos, reconheceu, nesta segunda-feira (15), Daniel Ferreira Barata, de 18 anos, sobrinho do empresário do setor de transportes Jacob Barata como sendo a pessoa que atirou o cinzeiro que o atingiu durante um protesto na porta do Hotel Copacabana Palace, na Zona Sul, onde acontecia a festa de casamento de Beatriz Barata na noite de sábado (13).
"Na delegacia, o Ruan fez o reconhecimento por foto do Daniel como sendo a pessoa que jogou o cinzeiro. Isso só reforça os indícios que já tínhamos contra Daniel. Os vetores de investigação apontam para ele como o autor da agressão", disse o titular da 12ª DP (Copacabana), José William de Medeiros, que investiga o caso de lesão corporal.
Na noite desta segunda, a família Barata divulgou uma nota sobre o ocorrido na manifestação. "A família lamenta os episódios que cercaram o que deveria ser uma cerimônia religiosa e familiar. Somos contra quaisquer gestos de agressão, os quais precisam ser identificados e punidos. Todavia, a liberdade de expressão não pode servir de excusa para as ofensas morais e as ameças sofridas pelos noivos e seus convidados. Além do constrangimento, merece registro a violência contra as pessoas presentes, recebidas com ovos e pedras, e muitas delas tendo seus carros particulares danificados", diz o comunicado.
Na sua página no Facebook, Daniel Barata pediu desculpas por ter jogado um "aviãozinho" feito com uma nota de R$ 20 reais da sacada do hotel, mas negou a agressão ao manifestante.
A polícia tenta localizar o endereço de Daniel Barata para intimá-lo a depor sobre o caso.
Vítima volta à delegacia
Na tarde desta segunda-feira, Ruan voltou à delegacia para dar mais detalhes à polícia sobre a agressão. Acompanhado do delegado José William de Medeiros, Ruan foi ao Hotel Copacabana Palace para ajudar na investigação.
O estudante de modelagem Ruan chegou por volta das 16h30 desta segunda à 12ª DP (Copacabana) para prestar depoimento sobre o caso. Em seguida, foi para a porta do hotel para contar detalhes do episódio, por cerca de 10 minutos.
Ruan foi ao Copacabana Palace com a polícia para
ajudar na investigação (Foto: Priscilla Souza / G1)
De acordo com Ruan Martins, Daniel teria agredido outras duas pessoas. “Ele estava muito alterado. Todo mundo viu ele [Daniel] dando um soco no André [advogado] da OAB e um tapa em outra manifestante”, disse o estudante, acrescentando que vai entrar com uma ação indenizatória pela agressão sofrida.
Exame de corpo de delito
Pela manhã, no Instituto Médico Legal (IML), onde fez exame de corpo de delito, Ruan declarou que quando foi ferido achou que tinha sido atingido por uma bomba. O rapaz, que levou seis pontos na testa, disse que o cinzeiro foi jogado por um convidado da festa pela janela ou pela varanda do hotel.
"Achei que era uma bomba. Vi um clarão e ouvi um barulho. Levei seis pontos, podia ter causado um traumatismo, a pessoa assumiu o risco de me matar quando jogou", declarou.
Segurança impediu entrada
O estudante explicou que tentou entrar no Copacabana Palace para tentar identificar o autor da agressão, com o auxílio de um advogado que estava na manifestação e de um policial militar do 19º BPM (Copacabana) que fazia a segurança da manifestação e já prestou depoimento. No entanto, ele alega que foi barrado pela segurança do hotel.
"Tinha gente jogando camarão, nota de R$ 20. As pessoas estavam saindo muito alteradas da festa", completou. Segundo ele, a briga começou quando duas jovens e uma senhora tentavam sair da festa de casamento. "Essa senhora se exaltou muito. Ela partiu pra cima de uma manifestante. Eu ajudei a segurar ela e o segurança do hotel a tirar a jovem dali", acrescentou.
Apesar de ferido, o estudante declarou que não deixará de ir as próximas manifestações. "O que a gente puder fazer pra aparecer, e tirar esses corruptos do mandato nós vamos fazer. A gente já sofre muito, paga muitos impostos."
Ele contou ainda que só ligou para a mãe para avisar o que tinha acontecido quando chegou à 12ª DP (Copacabana), responsável por investigar o caso. "Disse: ‘Mãe, estou vivo, mas com seis pontos na cabeça", relembrou.
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