Enfermeiro voluntário do HU-UFMT participa de atendimento a indígenas Alídio Vieira Nunes Duarte, que trabalha no Hospital Universitário, esteve em Roraima dando assistência a Yanomamis
Vivenciar histórias, humanizar o atendimento e multiplicar a assistência em saúde voltada ao povo Yanomami que vive em Roraima. Com essa bagagem e muito mais, 19 profissionais da Rede Ebserh que compuseram a força-tarefa em Boa Vista, em parceria com o Ministério da Saúde, retornam para casa após 20 dias de total imersão na cultura, no atendimento e acolhimento a crianças atendidas no Hospital Municipal da Criança. Essa ação faz parte do fortalecimento do SUS local do Município/Estado de maneira a atingir mudanças estruturantes qualificando o cuidado ofertado, diante de toda a Emergência de Saúde Pública. O esforço solidário envolveu ainda o envio de equipamentos médicos, sendo oito camas hospitalares, três carros de emergência hospitalar, uma maca clínica, quatro monitores multiparâmetros e 11 ventiladores pulmonares mecânicos.
Alídio Vieira Nunes Duarte, enfermeiro do Hospital Universitário da Universidade Federal de Mato Grosso (HU-UFMT) foi um dos voluntários. Ele conta que os voluntários realizaram atividades assistenciais, treinamentos e capacitações com as equipes. “A experiência em atuar na missão humanitária e sanitária aos povos Yanomami me fez refletir o quão específico requer que os serviços de saúde estejam preparados para atuar na assistência direta aos povos indígenas. Barreiras linguísticas e culturais são as vertentes que impactam direta e indiretamente todo o processo do cuidar ao ponto que os profissionais de saúde devem estar preparados para agir diante das nuances específicas que englobam a saúde indígena. Rituais, crenças, misticismo, são características etnoculturais presentes desses povos que o sistema de saúde público deve respeitar e garantir o atendimento dessa necessidade com base na integralidade da atenção à saúde”.
A situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) foi declarada pelo Ministério da Saúde (MS) em 20 de janeiro deste ano, considerando a desassistência à população Yanomami verificada. O estabelecimento do Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE-Yanomami) despertou a coordenação para ações que envolvem, entre outros aspectos, a mobilização de profissionais e de equipamentos que deem suporte às vidas em risco, com envolvimento do próprio MS, da Prefeitura de Boa Vista e da Rede Ebserh/MEC, que contou com profissionais voluntários.
Alídio explica que casos de desnutrição e desidratação presentes nos atendimentos às crianças indígenas Yanomamis realizados na unidade hospitalar em Boa Vista vão além da resolução clínica hospitalar. “Esses casos perpassam para toda continuidade do processo de acompanhamento nutricional e de saúde que o poder público precisa estar presente e atuante diretamente. A desassistência custa vidas e apaga as histórias e origem etnocultural dos povos indígenas”.
O apoio da Rede Ebserh na força-tarefa contou com equipamentos disponibilizados que somaram o valor de R$ 720 mil reais. O investimento total, incluindo recursos para envio de pessoal, foi de aproximadamente R$ 1 milhão. Participaram profissionais como médicos intensivistas, pediatras, enfermeiros, administrativos e fisioterapeutas.
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