Diretor de cadeia afasta 4 agentes que permitiam drogas e celulares
Mais 4 agentes penitenciários da Cadeia Pública de Nova Mutum (264 Km ao norte de Cuiabá) foram afastados das funções que desempenhavam na unidade. Eles são suspeitos de facilitar a entrada de objetos ilícitos na unidade, como drogas e celulares em troca de dinheiro. Os nomes deles foram citados em diversos depoimentos de presos dados à Polícia Civil após a fuga em massa de 26 presidiários registrada na madrugada do dia 5 de fevereiro. A decisão de afastar os servidores dos cargos nesta segunda-feira (2) partiu do diretor da cadeia, Antônio Pereira Lima.
Foram afastados os agentes Aurimar Cardoso Marques, Rogério Paulo, Maurides Benedito de Almeida e Rafael Barros Meira. Em entrevista ao Gazeta Digital, Lima disse que precisou tomar a atitude porque os fatos imputados aos agentes são graves e precisam ser investigados. Agora, a Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) vai instaurar Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) para investigar a conduta dos acusados.
Até o momento, já são 6 agentes e o ex-diretor, Henrique Francisco de Paula Neto, o Chindo, da unidade afastados dos cargos. Após a fuga foram presos os agentes Fabian Carlos Rodrigues Silva, o Fabi, e Luiz Mauro Romão da Silva, Romão, que seguem presos no Presídio Militar de Santo Antônio de Leverger (34 Km ao sul de Cuiabá).
À medida em que os nomes dos servidores foram citados pelos presos, a delegada e o diretor da unidade, comunicaram o Ministério Público Estadual (MPE). Por sua vez, o MPE ingressou com ação cautelar com pedido de liminar para afastamento de exercício de cargo, indisponibilidade de bens e busca e apreensão. O processo foi distribuído à 1ª Vara Criminal de Nova Mutum no dia 26 de fevereiro e ainda não tem decisão.
De qualquer forma, o diretor tomou a decisão de afastar os agentes das funções junto à unidade que ele assumiu no dia 6 de fevereiro após o antigo diretor ser exonerado do cargo ao ser preso acusado de facilitação de fuga. Ele destaca que a Sejudh e a Justiça precisam afastar os acusados em definitivo do serviço público.
“Não tinha a mínima condição de ficarem trabalhando aqui, eu não podia esperar porque a situação era muito grave. Em vários depoimentos de presos os nomes deles são citados como possível envolvimento”, afirma o diretor Antônio Lima, destacando, porém, que ainda não existe qualquer condenação contra os acusados. “Por enquanto são indícios fortes apontando que eles estavam envolvidos em diversas irregularidades”, enfatiza o diretor. Os servidores são investigados por vários crimes entre eles, peculato formação de quadrilha.
Diante dos afastamentos, a Sejudh remanejou em definitivo 2 agentes para a cadeia de Nova Mutum. Antes, eles estavam lotados nos municípios de Vera e Colíder. Também foram cedidos por 15 dias, outros 4 servidores para dar apoio aos trabalhos na unidade. Eles são das cidades de Nobres, Juina e Diamantino. De acordo com o diretor, a Sejudh estuda remanejar definitivamente novos servidores para Nova Mutum. “A secretaria está dando total respaldo nas ações administrativas e operacionais”, afirma Lima. Antes, a unidade contava com 17 agentes.
Depois da fuga, 4 revistas foram realizadas na cadeia e resultaram na localização de drogas e vários celulares dentro das celas. “A normalidade hoje é total”, garante o diretor.
Nova Chance - Na próxima sexta-feira (6), 10 detentos condenados que cumprem pena na Cadeia de Nova Mutum vão começar a trabalhar em obras da ODerbresch Odebrecht TransPort que administra trechos de rodovias federais de Mato Grosso por meio da Rota Oeste. Todos vão usar tornozeleiras eletrônicas e serão monitorados por meio dos equipamentos. “Essa é uma iniciativa muito bacana que realmente tem o objetivo de ressocializar os reeducandos”, diz o diretor, ressaltando que eles irão trabalhar sem a necessidade de escolta armada. O projeto é realizado em parceria com a Fundação Nova Chance.
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