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Opinião
Segunda - 10 de Abril de 2023 às 07:38
Por: Sonia Mazetto

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Esta semana é muito significativa para nós cristãos, é a semana simbólica em que Jesus foi crucificado e subiu aos céus. Aproveito o momento de reflexão para falar um pouco de fé. Muitas pessoas me conhecem apenas pelo meu lado profissional, como gestora de potencial humano, fonoaudióloga, regente, enfim, a Sonia profissional, mas poucos sabem que o que sustenta essa Sonia é a fé e a crença que tudo é espiritual e que cada pessoa tem a possibilidade de ser as mãos de Deus, um discípulo de fé.

Minha relação com a crença divina começou muito cedo. Eu era uma garota muito curiosa, e ainda com 15 anos eu sentia uma necessidade muito grande de entender as questões espirituais, não só de frequentar uma igreja, eu queria respostas. Como é a história de Deus, de onde Ele vem, qual o significado de Cristo, enfim eu precisava entender.

Ainda com 15 anos já havia frequentado muitas instituições, até que conheci A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que me ajudou a entender as perguntas, as respostas e, acima de tudo, me ensinou a aprender. Foi assim que, com 16 anos, tornei-me membro dela e fui sozinha, meus pais frequentavam outra religião.

Eu descobri que cuidar de si é aprimorar a questão espiritual, mas também o desenvolvimento intelectual, da autossuficiência financeira, de trabalho e tudo isso me chamou muita atenção, porque normalmente as instituições religiosas olham para a questão espiritual e esquecem o corpo que habita este espírito. A Igreja nos mostra que tudo é espiritual, tudo que é temporal também é espiritual.


Depois de batizada nA Igreja, com 18 anos eu comecei a fazer parte da Sociedade de Socorro. Para quem não sabe, a Sociedade é um “braço” d’A Igreja formada por mulheres, fundada em março de 1842. O Restaurador d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Joseph Smith, entendeu que as mulheres já faziam os seus movimentos individuais e que A Igreja não estaria completa se não houvesse uma instituição feminina.

Foi então que a Sociedade foi criada, não como apenas uma parte d’A Igreja, mas sim uma associação feminina dentro da estrutura da igreja, com seus regulamentos e regimentos, tendo como sua primeira presidente a esposa de Joseph, Emma Smith. E de lá para cá a Sociedade do Socorro muito representa, sendo considerada a instituição feminina mais antiga e maior do mundo, afinal, são milhões de mulheres que são membros da Sociedade.

Outro fato interessante, foram as mulheres da Sociedade do Socorro que lutaram em Utah (EUA) para exercer o direito de voto. Na época, quando as mulheres ainda não votavam, o Estado instituiu uma lei em que as mulheres de Utah podiam exercer o direito do voto. As mulheres da Sociedade foram as pioneiras, as primeiras a exercerem esse direito.

E não para por aí, quando na época se precisava de mulheres formadas em medicina e na área da saúde, elas se uniram, formaram um grupo e foram estudar medicina. Assim, elas criaram o 1º hospital infantil para atendimento de crianças na região, que depois se tornou um projeto grande. A Sociedade ainda plantou muitos hectares de trigo para trabalhar a questão do armazenamento, bem-estar e suprimento a todos quando necessitassem, e assim elas atenderam a população.

E é sobre isso. Desde jovem nós somos preparadas para entendermos o nosso papel na sociedade, e ele não tem nada a ver com submissão. A Sociedade prepara a mulher para ter uma família, e isso envolvem muitas habilidades emocionais e espirituais, mas também a habilidade de entender o processo para administrar o meu lar e minha família. Margaret Thatcher, considerada a mão de ferro, dizia isso, se uma mulher consegue administrar o seu lar, ela vai conseguir administrar qualquer instituição. E na Sociedade de socorro eu aprendi muitas coisas, aprendi a fazer reserva de alimento, princípios espirituais, valores femininos, perseverança, virtude, caridade, que são princípios valiosos que regeram a minha vida desde então.

A Sociedade do Socorro tem uma forma muito linda de nos mostrar o amor de Deus em nossa vida. A base do trabalho é a caridade. Nós acreditamos que a caridade é o puro amor de Cristo e a caridade nunca falha. Quando você está ajudando alguém, dispondo-se a doar o seu tempo, talento, capital intelectual, mesmo financeiramente, você está exercendo a caridade que é o puro amor de Cristo.

Por isso, nós acreditamos, na Sociedade do Socorro, que somos os braços e as mãos do nosso Salvador. Mostramos às pessoas que na sociedade existe sim esse restaurador e salvador e por isso nos consideramos discípulas de Cristo. Nós faremos tudo que está ao nosso alcance para trazer benefícios às mulheres na sua atuação, mas também socorrer todas as pessoas, independente se ela é membro ou não d’A Igreja.

Apesar de fazermos todo esse trabalho social, ligado a essa concretude, o nosso maior trabalho é o socorro espiritual, porque acreditamos que se nós fortalecermos o espírito, o espírito sendo maior que o corpo, conseguimos ter mais tempo, mais energia, conseguimos passar pelas dificuldades, não que não teremos dificuldades, mas estaremos mais fortalecidas para passar por elas.

Consideramos um dever participar das comunidades onde vivemos, sermos A Igreja onde estivermos, fazendo o que nos é possível para dar ao nosso “lar” o melhor por meio do nosso trabalho, porque nós acreditamos que o evangelho tem que ser ativo, em ação, e não apenas teórico. E a Sociedade de socorro continua ajudando com doações, aprendizados e alimentando o espírito, afinal, acreditamos que a vida não se resume a este plano, ela vai além daqui e com fé, esperança e caridade seguimos nesse trabalho divino.

Sonia Mazetto é palestrante e fonoaudióloga.



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