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ONOFRE RIBEIRO
Terça - 15 de Abril de 2014 às 16:00
Por: ONOFRE RIBEIRO

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Ainda na minha infância em Minas, tomei contato com Rondon através de um livro comprado por meu pai, “Grandes homens da História”. Nunca imaginaria viver no Mato Grosso onde nascera Rondon, em 1865. Muito menos assistir à reinauguração da Escola Santa Claudina construída no início da década de 1950, pelo jovem engenheiro José Garcia Neto, que a reconstruiu na condição de governador de Mato Grosso, em 1976.

Conversei muito sobre Rondon com duas personalidades mato-grossenses que conviveram com ele e trocaram muitas cartas, ouviram suas teses e angústias: Aecim Tocantins e José Garcia Neto. Conversei também com Fulgêncio um sobrinho seu que vivia em Mimoso, onde Rondon nasceu. Vi na parede de sua casa modesta, próxima à escola que tem o nome da mãe borora de Rondon, um velho relógio carrilhão que fora do marechal.

Mimoso acabou se tornando um lugar famoso e um ícone de Mato Grosso, justamente por Rondon ter nascido ali. Os mimoseanos acabaram construindo uma cultura pantaneira diferente do restante do pantanal mato-grossense. Em 2000, o governador Dante de Oliveira decidiu construir ali, na cara da Baía de Chacororé, um monumento que se chamaria “Memorial Rondon”, em sua homenagem e à própria Mimoso.

A obra começou e o projetista pensou-a como uma série de canoas pantaneiras que se fecham em cima, lembrando a Catedral de Brasília, onde as bandas se separam em cima. Canoa é um símbolo característico de Mimoso, dos tempos em que para se viajar à capital, era de canoa remando rio acima e de volta rio abaixo. Mas a obra não parou. Empacou! Está morrendo de agonia, presa do tempo pantaneiro com suas chuvas e umidade fortes. Já não recebe visitas, porque nem uma placa indica a quem passa na rodovia em frente, que aquilo é o Memorial a Rondon.

Defronte à baía de Chacororé está a Escola Santa Claudina. O monumento esquecido e a escola fechada com grades, desconhecida e impedindo vistas e visitantes. Ali naquele exato local nasceu Candido Mariano da Silva Rondon, em 5 de maio de 1865. Rondon foi esquecido na sua própria vila de nascimento e dentro do pantanal, apesar de ser considerado um dos três maiores exploradores do século 20 graças aos 20 mil quilômetros que percorreu por terra cuidando de divisas e fronteiras e da extensão de linhas de telégrafo.

Inevitável a lembrança da emblemática frase do escritor Estevão de Mendonça referindo-se à preservação das memórias: “morre para sempre quem morre em Cuiabá!”. Também Rondon morre lentamente.

ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso




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