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Opinião
Quarta - 25 de Agosto de 2010 às 11:55
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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Quando o SUS (Sistema Único de Saúde) foi instituído, em 1988, o Brasil aplicava R$ 120 bilhões por ano no setor e hoje são aplicados apenas R$ 60 bilhões. A informação é do dr. Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica. A ela podemos acrescentar que, há 22 anos, a população brasileira era de 141 milhões de habitantes e hoje somos 192 milhões. A simples comparação aritmética aponta para o caos que leva muitos brasileiros a morrerem na fila de hospitais e postos de saúde e a classe médica a vivenciar um dos piores momentos trabalhistas de sua história.

Os sucessivos governos pós-88, em vez de fazer, “desfizeram” o que já estava feito em termos de saúde pública. E ainda se dão ao luxo de fazer pirotecnia eleitoreira com resultados setoriais, ignorando solenemente o caos global. É importante avançar e buscar meios mais modernos de gestão. Mas isso não pode se dar através da demolição do que já existe para só depois construir o novo. Para quem morreu no interregno, não há avanço, mas retrocesso. Para se tornar tudo aquilo que diz o discurso de governantes e apaniguados dessas últimas duas décadas, o SUS teria de ser exemplar e atender com um mínimo de competência e celeridade todos aqueles que batem à sua porta. É a diferença entre a vida e a morte! O simples critério aritmético (sem falar da inflação do período) nos remete a pensar que, para manter os mesmos níveis de 1988, o sistema deveria receber investimento de R$ 162 milhões anuais. 

A observação que somos obrigados a fazer é de que nenhum dos governos dos últimos 22 anos deu a devida atenção ao SUS, um sistema revolucionário criado no bojo da Constituição, mas abandonado à própria sorte e saqueado nas suas fontes de custeio. Tudo isso no país que é a oitava economia e praticante da segunda maior carga tributária do planeta.

Precisamos ter hospitais equipados e capitalizados, com médicos e paramédicos bem remunerados, que não precisem trabalhar em mais de um emprego e tenham tempo para estudar e continuar se atualizando. O setor da saúde precisa de uma ampla revisão salarial como aquela que foi feita na Polícia Federal, hoje uma ilha de excelência no serviço o público. 

Estamos vivendo o único período em que o povo pode fazer alguma diferença através do voto, sua única arma. É importante que as entidades sérias representativas do setor da saúde façam suas observações e digam à população as suas dificuldades. Orientem o eleitor a exigir do seu candidato uma postura mais eficiente para fazer o SUS funcionar ou, então, colocar em seu lugar alguma coisa que funcione.

É difícil para o eleitor interferir diretamente nos programas do presidente da República ou do governador do Estado. Mas é fácil cercar os candidatos a deputado – federal e estadual - e deles exigir o franco comprometimento com o funcionamento do serviço de saúde. Tanto o presidente quanto o governador precisarão dos votos dos deputados para poderem governar. É aí que valerá a mobilização do eleitor, exigindo uma postura clara do seu deputado e, depois, fiscalizando-o no exercício do mandato.

È – também – para isso que servem as eleições!...


Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
aspomilpm@terra.com.br 



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