Asteroides errantes
Muitos asteroides e cometas estão viajando em trajetórias próximas à Terra, como ogivas balísticas que a qualquer momento acertarão o seu alvo, ou seja, nós. E isso não é questão de "se", mas de "quando".
Há alguns dias, não um, mas dois asteroides passaram próximo da Terra. E ainda por cima estão em órbitas diferentes. E eles são grandes o suficiente para serem observados por telescópios de porte médio do tipo que amadores possuem. Eles foram descobertos pelo observatório Catalina Sky Survey, qu e se localiza no estado do Arizona, nos Estados Unidos da América, três dias antes da passagem, durante uma observação espacial de rotina. Porém, quem fez os cálculos preliminares das órbitas e potencial risco ao planeta foi o Minor Planet Center, que fica em Massachussets.
O asteroide denominado 2010 RR12 tem tamanho estimado entre 6 e 14 metros e aproximou-se a uma distância de 79 mil km da Terra. Já o outro, chamado 2010 RX30, tem tamanho estimado entre 10 e 20 metros e que se aproximou a 248 mil km da Terra. Para se ter ideia do quão próximos estiveram, a Lua está a 380 mil km.
A NASA (Agência Espacial Norte-Americana) já havia observado que nenhum dos dois representava perigo iminente para o planeta. Porém, a NASA estima que um entre cada 50 milhões de asteroides com tamanho de 10 metros passa todo dia nas cercanias da Terra e da Lua, e desses um a cada dez anos, atinge o planeta. E foi isso que aconteceu em 2008, quando um cientista do mesmo Catalina Sky Survey, de nome intrigante, Richard A. Kowalski (lembram do Viagem ao Fundo do Mar, quem era mandado para enfrentar os monstros, apagar incêndios e desativar o reator nuclear sem proteção: Kowalski) descobriu o asteroide denominado 2008 TC3.
Foi a primeira vez que um asteroide que se rumava para nosso planeta foi detectado no espaço e acompanhado até sua colisão. E, depois, a recuperação de pedaços. O 2008 TC3 era um asteroide de 2 a 5 m de diâmetro. Foi descoberto em 6 de Outubro de 2008, através de um telescópio automatizado. Depois, satélites e observadores em terra acompanharam a trajetória do asteroide. No dia seguinte, o asteroide entrou na atmosfera, a milhares de quilômetros por hora, formando uma bola de fogo, pelo atrito, como as naves espaciais na reentrada, até explodir a 37 km de altitude, sobre o deserto da Núbia, que está localizado entre o Egito e o Sudão. Uma expedição internacional de cientistas americanos e sudaneses dirigiu-se ao deserto procurando pelos restos do asteroide. E obtiveram sucesso, foram encontrados 47 meteoritos (pedaços do asteroide), o que pesou quase 4 quilos.
Esse foi um evento parecido com o de Tunguska, região desértica da Sibéria em que, provavelmente, um cometa explodiu sobre uma floresta, causando grande destruição. Esses eventos são mais frequentes do que parece e, ainda hoje, pouco se pode fazer. É preciso criar condições para detectar e agir.
Mario Eugenio Saturno, de Bariloche - Argentina, é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), professor universitário e congregado mariano. (mariosaturno@uol.com.br)
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