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Opinião
Sábado - 02 de Outubro de 2010 às 00:35
Por: Lourembergue Alves

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Terminou a série dos debates. Momentos necessários e importantes para o processo político-eleitoral. Relevantes, no entanto, quando utilizados para a discussão de idéias, de projetos e de propostas. Acontece, entretanto, que os tais “debates” são destinados para outros fins, o da denúncia, ainda que desacompanhada de provas. Aliás, é por conta disso que vale a pena repetir as palavras de um estudante do município de Cáceres: “É deprimente! Matei aula na Faculdade para” assistir o do dia 28, porém “sai” da frente da televisão “para não vomitar de tanto ouvir besteiras”. “A coisa é só baixaria!” 

Justifica-se, portanto, a mudança do formato dos debates. O utilizado não mais condiz com as necessidades do eleitorado, nem da fase democrática em que se vive. A não ser para afastar, mais e mais, a população do horário político e dos debates. Um segundo trecho do depoimento do dito acadêmico é bastante claro nesse aspecto: “Não fiquei mais que dez minutos assistindo”. 

Urge, então, a necessidade de se acabar com os blocos onde “candidato pergunta para candidato”. Blocos que deveriam ser preenchidos por especialistas, por exemplo, em agronegócio, saúde público, questões urbanas, etc. Especialistas que não estejam filiados em nenhum partido político, tampouco tenham vínculo empregatício ou de parentesco com liderança política alguma. Tarefa fácil. Pois existe um montão de profissionais com essas características. Cada um deles, nos debates, teria direito a uma pergunta única a todos os candidatos. Caso não obtivesse a devida resposta, poderia reelaborá-la. O mais interessante é que o especialista faria uso da réplica ou da tréplica, a ser utilizada para analisar a resposta obtida, inclusive para dizer se existe ou não condições de viabilização o que propõe o candidato-indagado.

Isso obrigaria os postulantes a se prepararem melhor. Pelo menos a estudarem mais sobre as realidades regionais e/ou nacionais. Para tal, obviamente, seria necessário mais atenção às necessidades e aos anseios da população, e, a partir de então elaborar o conjunto de propostas a ser registrado na Justiça Eleitoral. Detalhe que, por outro lado, inibiria os “chutes” e as “promessas de última hora”. Muito comum nas campanhas de 2010, tanto para presidência da República quanto para os governos dos Estados.

Teria, igualmente, em menor escala a importância da indústria do espetáculo da política. O que enfraqueceria em termos de relevância, pelo menos em tese, a “maquiagem” toda construída pelo marqueteiro.

Assim, dinamizaria o debate. Evento que poderia ser realizado em um ambiente mais aberto, do tipo ginásio de esportes, com o fim de que dezenas ou até centenas de eleitores pudessem assisti-lo. 

É claro que esse tipo de assistência pode despertar o ator enrustido no político, e, até mesmo, fazer com que o postulante mais falante se sobressaia. Porém, esse tipo de capacidade, o de falar em demasia sem conteúdo, não escamoteará por muito tempo o “despreparado” e o “arrogante”, nem esconderá o disfarce do demagogo, tampouco sustentará sempre o discurso do “bom mocinho” ou de “vítima”. 

Ainda que grande parte dos vícios não seja eliminada, é imprescindível a mudança do formato do debate político.  


Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br


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