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Opinião
Quinta - 14 de Outubro de 2010 às 10:21
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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Uma avalanche de e-mails vem caindo nas caixas postais dos usuários, contendo informações desabonadoras sobre os candidatos que ficaram para o segundo. São acusações das mais diferentes, sobre a vida política, ideológica, religiosa, sexual e pessoal dos concorrentes. Vão desde episódios conhecidos e superados até graves ofensas que, identificados os autores, poderão colocá-los na cadeia e ainda deles exigir pesadas indenizações por danos morais. Além da indiscrição do passado, existem as ilações e conclusões que, na maioria das vezes, conduzem ao absurdo e bizarro. Algumas dessas ofensas, que circulam pelo território livre da internet e na forma de boatos, chegam a transpirar para outros meios de comunicação, mas de forma discreta, pois aí se exige a identificação dos autores.

É importante que o eleitor esteja atento e rejeite toda a campanha feita na contramão. Que escolha o seu candidato pelas propostas que apresenta e não pelo mal que os adversários dele falam. A campanha eleitoral existe para a apresentação dos planos de trabalho de cada concorrente e não pelos seus tropeços e erros do passado. Supõe-se que todos os concorrentes, independente da forma como agiram no passado, são cidadãos íntegros e em condições para exercer os cargos postulados. Principalmente agora que, em razão da Lei da Ficha Limpa, a Justiça Eleitoral se encarregou de retirar da disputa todos os condenados em segunda estância, além de exigir vasta documentação que prova boa conduta.

São indevidas as acusações que hoje se faz a candidatos que participaram da luta armada ou, por alguma razão, tiveram de buscar o exílio. Todos esses ditos crimes – tantos os cometidos pelos opositores quanto pelos agentes do regime - tiveram a punibilidade extinta através da Lei da Anistia, colocada em vigor no dia 28 de agosto de 1979, pelo então presidente João Batista Figueiredo que, com ela, buscou a reconciliação nacional. Não fosse a Anistia, muitas das estrelas políticas que pontificaram na constelação nacional durante as últimas três décadas, nem poderiam ter retornado do exílio e outras teriam purgado mais anos na cadeia até o término de suas penas.

Nas eleições passadas, Lula, FHC, Brizola, Mário Covas, Miguel Arraes e um grande número de políticos que lutaram contra o regime de 64 ou pela sua finalização foram vítimas de campanhas difamatórias promovidas por muitos dos que se beneficiaram da Anistia mas tentam negar o mesmo direito de perdão aos seus adversários. É um comportamento desumano, desleal e antipatriótico. Anistia e reconciliação nacional sugerem “zerar” os ditos crimes políticos e os excessos cometidos tanto por um lado quanto pelo outro. Quem não concordar, com essa premissa, antes de exigir o apenamento de seus adversários ou opositores, terá de também pagar pelos próprios agravos. Mas isso é impraticável e não serve a ninguém. Só aos carcomidos saudosistas.

Espera-se que os candidatos, seus seguidores e o eleitor definam a atual eleição olhando para o futuro. Passado é apenas história, que se deve manter viva só para evitar a repetição dos erros. Priorizar crimes já anistiados, pagos ou prescritos é uma grave lesão à eleição. Também é crime!...


Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
aspomilpm@terra.com.br



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