Tiririca
Tiririca Nunca, jamais, antes, em tempo algum, na história deste país um ser humano foi tão humilhado, desrespeitado, discriminado e constrangido, como o palhaço Tiririca. As raízes dessa agressividade contra um brasileiro que se salvou da morte física prematura, e não da morte das letras, talvez estejam ligadas a uma série de protótipos sociais. Mulato, baixinho, nordestino, usuário do pau de arara como transporte coletivo, com uma profissão não convencional, chegou à cidade grande para tentar a vida por meios lícitos.
Longe de aquele palhaço imaginar, que em pouco tempo com o seu trabalho de divertir crianças e adultos, fosse virar celebridade política nacional! Se o palhaço, montado em quase um milhão e meio de votos conquistados no Estado brasileiro de melhor pontuação educacional, representa uma afronta à soberania nacional e a ética, essa será outra discussão.
O palhaço é a cara do Brasil! Bastou as urnas mostrarem a fotografia do brasileiro, para desenterrar a discussão sobre o analfabetismo. Uma praga tão nossa conhecida! E o assunto tomou conta do noticiário nacional. O Tiririca, antes de assumir o seu cargo em Brasília, já presta relevantes serviços ao país, mostrando a existência de milhões de brasileiros que não encontraram uma porta de escola na sua infância - e nem por isso virou marginal. Vivemos em um país onde se faz a apologia da ignorância, da burrice e da falta de estudos e de uma hora para outra tornamo-nos intransigentes defensores da legalidade da educação. Somos quase duzentos milhões de habitantes, ardorosos defensores da Lei do Gerson.
Qual a vantagem, como dizia o canhotinho famoso, em um país de analfabetos punir e humilhar apenas um, que nem bolsa recebe do governo? O grande pecado do palhaço é que descobriram que na sua bagagem para Brasília, Tiririca, pelo artifício do voto de legenda ou sobras de votos conquistados democraticamente, está transportando cadáveres sociais.
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