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Opinião
Domingo - 28 de Novembro de 2010 às 12:51
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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A equipe econômica do novo governo, anunciada pela presidente (ou presidenta) Dilma Roussef, debutou no noticiário nacional cometendo algumas “maldades”. Pelo que disseram, até pareciam ministros escolhidos para um governo que vai assumir em oposição ao atual. Os indicados para a presidência do Banco Central, a chefia da Casa Civil e o Ministério da Fazenda, produziram declarações mais cabíveis a tecnocratas do que a autoridades políticas que, a partir de agora, passam a ser. Alguém precisa dizer isso a eles...

Ninguém pode ignorar que Dilma foi eleita sob o bafejo do presidente Lula e do governo que a promoveram. Sem jamais ter participado de qualquer processo eletivo, conseguiu galgar a mais alta magistratura do país e, de quebra, ser a primeira mulher eleita para o posto. Até então, a única mulher a governar o Brasil foi a princesa Isabel, em substituição a seu pai, d. Pedro II, no século XIX e, mesmo assim, fez coisas (como a abolição da escravatura), que serviram para derrubar a monarquia. Logo, a futura presidente (a) é, sem medo de errar, produto do Governo Lula que, apesar de todos os sobressaltos, chega ao seu final com excelente avaliação popular.

Não é preciso ser cientista político ou superdotado para chegar à conclusão de que o eleitor brasileiro, ao votar em Dilma e no PT, fez sua opção pela continuidade do governo Lula. Até porque a campanha eleitoral chegou a ser plebiscitária, transmitindo desde o primeiro turno a mensagem de que Dilma era a continuidade de Lula e os demais seriam a contrariedade ao atual governo. E essa idéia continuísta tornou-se mais imperativa no segundo turno, quando restaram na disputa apenas a lulista Dilma e o tucano José Serra. Vendeu-se  ao eleitor a idéia da luta do bem contra o mal. Dilmistas viam Serra como o “tinhoso””e vice-versa. Ganhou Dilma que, em campanha, ao lado de Lula, garantiu ter participado de todas as grandes decisões do governo.

Agora, com o processo eleitoral consolidado, se continuar falando em “maldades”, Dilma e seus escolhidos correm o risco de, logo de início, criarem uma grande frustração ao eleitor. Quem nela votou, escolheu dar continuidade ao governo Lula, e agora vê os anúncios de mudanças e aperto do cinto. Seu voto não foi dado para que isso aconteça. O amor poderá, facilmente, se transformar em frustração e ódio. Qualquer mudança de curso, se realmente for necessária, tem de vir acompanhada de muitas e convincentes explicações.

Dilma Roussef conta, ainda, com a confiança do eleitorado (de Lula) e poderá começar bem o seu período de governo. Mas, mais do que qualquer outro político, jamais poderá se esquecer daquele que foi o seu grande eleitor e o único garantidor de sua vitória. Pode (e deve) ter personalidade própria, mas nunca ser igrata. Ao escolher os integrantes de sua equipe de governo, deve informá-los que, pelo menos até se provar em contrário, a futura administração será continuidade da atual. Em respeito à vontade do eleitor, jamais poderá fazer um mandato voluntarioso e contestador ao atual. Se o fizer, estará contrariando os resultados das urnas e, principalmente, a vontade popular.

Quanto aos tecnocratas, há de tomar muito cuidado com eles. Nunca foram e jamais serão os titulares dos votos, mas podem colocar tudo a perder...


Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

aspomilpm@terra.com.br 



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