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Opinião
Quarta - 08 de Dezembro de 2010 às 16:27
Por: Lourembergue Alves

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A legislatura ainda não se iniciou. Novidade alguma, entretanto, se deve esperar dela. A não ser as poucas novas fotografias que passarão a fazer parte do mural de parlamentares estaduais. Rostos novos, porém, não implicarão em mudanças. Razão pela qual se acredita que o comportamento de amanhã será o mesmo de hoje, com as figuras de “caititus” – no dizer do líder do PPS/MT – a caminharem pelos corredores da Assembléia Legislativa, sempre a favor do governo. 

Aliás, recentemente, teve-se notícia de que “os parlamentares do PSDB, DEM e PPS já declararam não ter perfil para contrapor a administração estadual”. Esta é o tipo de declaração desconectada com as vontades populares, pois os ditos deputados foram eleitos com o propósito de fazerem oposição. Condição em que se encontravam durante a campanha eleitoral, e, por conta disso, receberam parte de seus votos. O que significa dizer que um determinado segmento do eleitorado gostaria de vê-los continuar com essa posição. 

Acontece, entretanto, que os representantes do povo ignoram a importância da oposição no Legislativo. Mal sabem eles que a voz do governo nem sempre tem eco nas camadas mais populares, ou tem origem nessas camadas. 

Daí a importância de se ter vozes discordantes na Casa Legislativa estadual. O discordar, aqui, nada tem a ver com o “ser do contra”. Este se manifesta contrário simplesmente por sentir prazer em se comportar como tal, ou atua nessa direção para obter ganhos particulares, com os quais acomodarem apaniguados ou a si próprio; ao contrário do primeiro, que busca o debate e a discussão a respeito de uma dada medida ou projeto, até mesmo para trazer a racionalidade ao plenário.

Plenário que ganha brilho com a existência da esgrima política, e esta, no entanto, requer preparo e conhecimento. Ingredientes em falta no Parlamento. Isso não é de hoje. Vem de bastante tempo. Tanto que os políticos, na chefia da administração pública mato-grossense, sempre contaram com o apoio maciço dos deputados. Raros foram os momentos, nas últimas décadas, que essa situação favorável não se repetiu. Independentemente do tamanho da “merenda” oferecida. 

Assim, governos se sucederam sem qualquer dificuldade. Pois a Assembléia Legislativa mais parece, na atuação, como um órgão avançado do Executivo estadual. Diferentemente de outros tempos. Mais precisamente do período em que udenistas e peessedistas se “pegavam” feio, com a mediação e/ou “ação incendiária” dos petebistas. 

Passado que em nada se parece com o presente, e dificilmente se parecerá com o futuro. Isso porque os deputados – novos e velhos – “não têm” perfis de oposicionistas, e, portanto, desconhece a importância do diálogo. O que prevalece, agora, é outra regra. Longe da esgrima e da prática cotidiana do embate. Por isso o plenário continuará vazio. Não só de deputados – apesar das poltronas –, mas de idéias e de discurso.    


Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br


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