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Opinião
Quinta - 09 de Dezembro de 2010 às 07:43
Por: Mario Eugenio Saturno

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Em 2003, escrevi um artigo alertando os responsáveis pela Segurança Pública para que prestassem atenção na Guerra do Iraque e aprender como os norte-americanos e os ingleses estavam tomando as cidades. Parecia que estavam fazendo um trabalho mais difícil que tomar uma cidade como o Rio de Janeiro ou São Paulo. Houve quem afirmou que não fazia sentido. Até que em maio de 2006, uma facção resolveu tomar São Paulo. E, agora, vemos situação semelhante no Rio de Janeiro.

Não creio que se possa comparar a situação do Rio com o problema vivido pelos paulistas. Depois de alguns dias, a polícia paulista havia matado quase quinhentos bandidos. E a guerra continuou por pelo menos um ano. São Paulo não é uma calmaria, mas reduziu o número de homicídios para 9 por cem mil habitantes. Uma marca fantástica. Ainda mais considerando que no Brasil a situação piorou, herança maldita para o próximo governo.

No Rio, enquanto o secretário de governo anunciava a vitoria da tomada do Cruzeiro, duzentos bandidos fugiam tranqüilos, transmitido ao vivo pela TV, para o Complexo do Alemão, já visto como mais difícil. A primeira coisa que se aprende no Exército é que se deve cortar o suprimento, principalmente de soldados. Alegam alguns que não se poderia enviar um avião e bombardear a área. E precisava? Bastaria os helicópteros blindados ordenarem a rendição e revidar em quem resistir.

Mas ficou claro que não se queria nem banho de sangue, nem prender ninguém. Haja vista que os preparativos para a tomada do Alemão teve até contagem regressiva para os bandidos fugirem ou se esconderem. E a propaganda do Estado chega a ser visível o exagero, seja nas apreensões, seja na estimação dos valores. Este aliado federal deveria mirar no exemplo do presidente, fez propaganda mas a violência não diminuiu.

Como os que fugiram, estão em outros morros e  a Polícia, creio, tem que desalojar muitas favelas, quem sabe não fazem como os ingleses? Para recordar, seguem algumas informações.

Para testar as táticas de combate urbano, as tropas britânicas que assediavam Basra, entraram na cidade, a segunda maior cidade do Iraque, com 1,5 milhão de habitantes. E os combatentes pró-Saddam impunham feroz resistência. Três unidades das forças britânicas - os Dragões da Guarda Escocesa, os Fuzileiros Reais e a Black Watch (especializada no combate de guerrilha urbana na Irlanda do Norte) - avançaram até o centro da cidade. As tropas invasoras enfrentaram apenas "esporádicos e isolados bolsões de resistência".

Os blindados tomaram posição. A surpresa foi o elemento primordial. Os pontos estratégicos são destruídos. Alto-falantes fazem a "guerra psicológica". Então, soldados bem treinados, com uma tática bem definida, iniciam o ataque. Poucas baixas entre os militares e civis e muitas entre os inimigos. Algo a ser imitado pelas nossas autoridades.


Mario Eugenio Saturno
, de Bariloche - Argentina, é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), professor universitário e congregado mariano. (mariosaturno@uol.com.br)



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