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Opinião
Terça - 21 de Dezembro de 2010 às 08:26
Por: Lourembergue Alves

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Em meios a aplausos, alegrias e até emoção, os candidatos eleitos foram diplomados. Participavam da referida cerimônia, inclusive, políticos tidos como “ficha suja” ou “limpa”. Não na condição de assistência, nem na de coadjuvantes. Mas, isto sim, no papel de protagonistas. Protagonistas que tiveram carimbado os passaportes nas últimas horas que antecederam a festa. 

Festa que nenhum pouco apagou o desapontamento popular. Ao contrário. Pois, o dito desapontamento aumentou consideravelmente em razão de alguns dos presentes-diplomados, e, bem mais, com o posicionamento dúbio da Justiça Eleitoral. Assim, era e ainda é visível o descontentamento de grande parte da população. Tanto que populares perguntavam a si próprios: “se eram para ratificar as vitórias nas urnas, por que não computaram os votos obtidos no ato da apuração?” Indagação acompanhada, sempre, de fortes críticas ao TRE, TSE e ao STF. 

De todo modo, cabe reforçar o coro de críticas. Sobretudo quando se verifica a clareza da legislação. Particularmente no particular que diz respeito à participação ou não dos “enquadrados na ficha limpa”. Porém, nada adiantaram os entendimentos favoráveis, muito menos as manifestações de setores da sociedade organizada, e, desse modo, estes – entre os quais o Movimento de Combate a Corrupção (MCCE) – viram seus esforços serem ignorados. 

Filme que já se esteve em cartaz. Na verdade, jamais deixou de estar em evidência. Isso porque ainda se vê parlamentares “cassados por compra de votos” terminarem o mandato. Façanha permitida por liminar. O que cai por terra a hierarquia jurídica. Pior ainda, concede benefícios a quem nunca deveria ser beneficiado, pois suas ações agrediram as regras, o que quebrou a igualdade de condições na disputa.

As cassações em 2007, no entanto, foram esquecidas em alguma escrivaninha do tribunal. Esquecimento que provocou igualmente os mesmos danos cometidos pelos políticos-infratores.
 Cenário enraizado no país. Isso não é de hoje. Vem desde o século XIX, quando o “bico de pena” passou a ter mais relevância que o eleitor. Pois enquanto este procurava acostumar-se com a política, o “voto do defunto” era somado e se acumulava na algibeira de certos candidatos, consolidado pelo chamado “curral eleitoral”.  

De lá para cá, inventaram outros mecanismos com o fim de burlar a lei. Até urnas eletrônicas foram adotados, ao mesmo tempo em que a Justiça Eleitoral ganhava corpo, em processo crescente a partir de 1933.

Contudo, é preciso dizer, os tribunais, de hoje, se mantém surdos com relação aos gritos oriundos das ruas ou das entranhas da sociedade. Daí a diplomação, inclusive, do eleito-infrator que, lá no seu íntimo, cai tão somente de gargalhadas da displicência da Justiça Eleitoral.   


Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br


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