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O Cordão Cultural
Caminha-se para um novo ano. 2011 já bate à porta, enquanto 2010 se coloca como velho. Período em que as pessoas renovam as esperanças, refazem os sonhos e traçam outros objetivos. Estes nem sempre são novos. Detalhe nada importante. Relevante mesmo é poder renová-los e lutar para conquistá-los. Luta que rejuvenesce. Isso não é diferente no Brasil, muito menos na Europa, que tem Portugal como uma de suas portas de entrada.
Os lusitanos não são diferentes dos brasileiros. Eles também esperam melhorarem de vida em 2011. Embora tenham um dos mais baixos salários mínimos entre os pagos no continente europeu. São 485 euros. Nem por isso, deixam de sonhar.
Da janela do hotel - encravado quase no coração de Lisboa - pode se visualizar o brilho no rosto de centenas dos lusitanos. Mesmo os que se valem do metrô ou de ônibus para se deslocarem de suas residências para os locais de trabalho, e destes para aqueles, ou para outro lugar qualquer da cidade.
Por falar em transporte coletivo, vale dizer, o daqui é infinitamente melhor que o de Cuiabá. Desde os carros até os “pontos”. Cada “ponto”, aliás, traz suas respectivas linhas, com os números dos “autocarros” (ônibus) que ali param, assim como todo o trajeto a ser percorrido, e ainda apresenta um “monitor” para indicar os minutos que restam para o respectivo veiculo chegar.
“Coisa de primeiro mundo” – balbuciaria o leitor. Não sem antes arrematar: “isso é o mínimo que se pode oferecer ao usuário, pois é o seu dinheiro que mantém o sistema de transporte”.
O cuiabano também paga pelo seu sistema de transporte, do mesmo modo que faz “todo mundo”. Porém, definitivamente, não recebe a contrapartida devida. Os serviços que lhe são oferecidos não correspondem com os C$ 2,50 pagos. Aliás, quase o mesmo valor pago pelo usuário de Lisboa (1,45 E). Conclui-se, portanto, que o cuiabano arca um custo de “primeiro mundo” para se ter um serviço de 5ª. categoria. Tudo com o aval do poder público. Pois jamais se viu o prefeito da Capital mato-grossense reivindicar melhores ônibus, tampouco vereador algum exigir que os empresários do ramo respeitem o consumidor-usuário. Conivência garantida pelos “investimentos” de campanha eleitoral.
Apesar disso, o brasileiro – e o morador de Cuiabá, em especial – não perde as esperança. Renova-as. Principalmente na passagem de um ano para outro. Do mesmo modo é por aqui. Mudam-se apenas os rituais utilizados. Ainda que sejam iguais as promessas. Afinal, todas as pessoas querem conforto, paz e alegria. Três objetivos que podem ser resumidos em bem-estar. Palavra-síntese, cuja conquista, entretanto, toma uma vida inteira. Nem sempre, contudo, tem-se tempo para realizar tamanho sonho. Isso, porém, não pode servir de desculpas, as quais nem de esconderijo servem para quem se recusa a lutar. Pois o próprio sobreviver requer coragem, e esta é a força-motriz para vencer a preguiça e as intempéries disfarçadas de facilidades. Isso porque nada é fácil. Nem mesmo o estar feliz. Ainda que se encontre em terras distantes. Longe dos problemas caseiros. Até porque não se corta em definitivo o cordão umbilical.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
Os lusitanos não são diferentes dos brasileiros. Eles também esperam melhorarem de vida em 2011. Embora tenham um dos mais baixos salários mínimos entre os pagos no continente europeu. São 485 euros. Nem por isso, deixam de sonhar.
Da janela do hotel - encravado quase no coração de Lisboa - pode se visualizar o brilho no rosto de centenas dos lusitanos. Mesmo os que se valem do metrô ou de ônibus para se deslocarem de suas residências para os locais de trabalho, e destes para aqueles, ou para outro lugar qualquer da cidade.
Por falar em transporte coletivo, vale dizer, o daqui é infinitamente melhor que o de Cuiabá. Desde os carros até os “pontos”. Cada “ponto”, aliás, traz suas respectivas linhas, com os números dos “autocarros” (ônibus) que ali param, assim como todo o trajeto a ser percorrido, e ainda apresenta um “monitor” para indicar os minutos que restam para o respectivo veiculo chegar.
“Coisa de primeiro mundo” – balbuciaria o leitor. Não sem antes arrematar: “isso é o mínimo que se pode oferecer ao usuário, pois é o seu dinheiro que mantém o sistema de transporte”.
O cuiabano também paga pelo seu sistema de transporte, do mesmo modo que faz “todo mundo”. Porém, definitivamente, não recebe a contrapartida devida. Os serviços que lhe são oferecidos não correspondem com os C$ 2,50 pagos. Aliás, quase o mesmo valor pago pelo usuário de Lisboa (1,45 E). Conclui-se, portanto, que o cuiabano arca um custo de “primeiro mundo” para se ter um serviço de 5ª. categoria. Tudo com o aval do poder público. Pois jamais se viu o prefeito da Capital mato-grossense reivindicar melhores ônibus, tampouco vereador algum exigir que os empresários do ramo respeitem o consumidor-usuário. Conivência garantida pelos “investimentos” de campanha eleitoral.
Apesar disso, o brasileiro – e o morador de Cuiabá, em especial – não perde as esperança. Renova-as. Principalmente na passagem de um ano para outro. Do mesmo modo é por aqui. Mudam-se apenas os rituais utilizados. Ainda que sejam iguais as promessas. Afinal, todas as pessoas querem conforto, paz e alegria. Três objetivos que podem ser resumidos em bem-estar. Palavra-síntese, cuja conquista, entretanto, toma uma vida inteira. Nem sempre, contudo, tem-se tempo para realizar tamanho sonho. Isso, porém, não pode servir de desculpas, as quais nem de esconderijo servem para quem se recusa a lutar. Pois o próprio sobreviver requer coragem, e esta é a força-motriz para vencer a preguiça e as intempéries disfarçadas de facilidades. Isso porque nada é fácil. Nem mesmo o estar feliz. Ainda que se encontre em terras distantes. Longe dos problemas caseiros. Até porque não se corta em definitivo o cordão umbilical.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
URL Fonte: https://arenapolisnews.com.br/artigo/653/visualizar/
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