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Opinião
Sexta - 07 de Janeiro de 2011 às 11:25
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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A deputada Maria do Rosário Nunes, nova ministra dos Direitos Humanos, tomou posse criando polêmica. Seu discurso, de tom grave, prega a aprovação da Comissão da Verdade e uma grande mobilização em favor do esclarecimento dos casos dos desaparecidos políticos do regime militar. As palavras provocaram perplexidade tanto de um lado quanto do outro da questão, pois, antes de tudo, são extemporâneas. Elogiar ou criticar quem, há 40 anos, se insurgiu contra a ordem vigente é, antes de tudo, assunto muito antigo e que não interessa a ninguém, a não ser a alguns poucos carcomidos, sonhadores e demagogos que não conseguem entender o Brasil de hoje.

Indiscutivelmente, o Estado brasileiro tem o dever de apresentar uma solução para os desaparecidos políticos. Deve isso principalmente às famílias que os perderam. Mas não pode e nem deve fazer disso uma bandeira política e muito menos ideológica. Todas as razões para a insurgência e para a repressão dos anos 60/70 já foram superadas. A Lei da Anistia – bem ou mal – teve o condão de perdoar os excessos tanto de uns quanto de outros. Logo, não se pode falar em punição para os agentes do regime que se excederam sem dar o mesmo tratamento aos opositores que agiram da mesma forma. Logo, a anistia é o caminho do perdão, da pacificação e da busca de novos horizontes. Quem pretender contestá-la tem, ao mesmo tempo, que abrir mão dos benefícios que recebeu enquanto pessoa ou grupo.

Nada impede que o governo, por seus meios, busque esclarecer completamente onde foi parar cada um dos desaparecidos. Isso, no entanto, deve ser única e exclusivamente um ato de respeito à família. Esses indivíduos, sejam opositores ou agentes do regime de então, podem até receber o tratamento de heróis de guerra, mas o esclarecimento dos seus casos não deve gerar qualquer direito, dever ou punição. Há que se entender o risco que cada um assumiu e, posteriormente, a vigência do instituto da anistia.

Merece todo repúdio a campanha sórdida sofrida pela candidata Dilma Rousseff que, durante a corrida presidencial, teve o seu currículo esmiuçado através da internet e de outros meios, de maneira tendenciosa e completamente em desacordo com o instituto da anistia. Ela própria dá exemplo quando declara não carregar rancor. Mas deve impedir que seus auxiliares ajam de forma diferente.

O Brasil de 2011 está muito distante do ocorrido no regime de 64. A maioria dos brasileiros de então já morreu e a maioria dos de hoje sequer havia nascido ou eram crianças ou jovens. Logo, o que interessa à sociedade de hoje é a solução dos problemas contemporâneos e a preparação do país para as próximas gerações. Os fatos do passado devem, no máximo, interessar à história. Os frustrados de antanho não devem prevalecer porque suas razões já não vigoram.

Com todo nosso respeito, os desaparecidos políticos, independente do que fizeram e da ideologia, devem ser considerados heróis de uma época. Nada mais...

 
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

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