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Opinião
Terça - 11 de Janeiro de 2011 às 14:59
Por: Lourembergue Alves

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Floresça também tem um rio a dividi-la quase em duas metades. Porém, apresenta-se bastante diferente de Veneza. Pois não conta com pequenos canais a lhe servirem de artérias, cortando-lhe as entranhas, como as que se viu em terras venezianas, e seus becos – pelo menos a imensa maioria deles – são utilizados pelos automóveis de passeio, dividindo assim o curto espaço com o pedestre. O que torna o transitar um tanto perigoso. Sobretudo para quem está na cidade pela primeira vez. 
 
Contudo, não deixa de ser igualmente emocionante. Isso porque a cidade conta com uma variedade de obras de artes. Daí a existência de dezenas de casas destinadas a exposições temporárias e permanentes. Uma delas, certamente a mais importante – até mesmo por sua posição na história política do lugar –, é a Galeria de los Uffizi, com um formato de “U”, toma parte do prédio que serviu de residência a família Médicis, construída junto à ponte Vecchia. Complexos de real valor arquitetônico.  
 
Nesse sentido, cabe lembrar que a cidade conta com uma porção de edificações, que dá a ela um desenho todo especial. Sobretudo se observado, do ângulo em que cada prédio foi erguido. Trata-se de construções  antigas, sem serem velhas, uma vez que a sua beleza estrutural ou estética, como queira definir, é formada por traços que não mudaram com o tempo. Pois este, ao contrário, a fez mais cintilante. 
 
Realce que transforma o centro de Floresça em lugar atraente. Bem mais que o seu entorno. Ainda que se deva reconhecer a relevância desse mesmo entorno para o próprio centro, pois o dito centro não teria essa conotação sem o cordão que o enlaceia, inclusive do ponto de vista histórico. Pois muitos dos movimentos que revolucionaram a cultura local nasceram do tal anel periférico. 
 
Aliás, é nesse anel periférico que viveu muitos daqueles que revolucionaram a pintura e a literatura de Florença. A casa de Dante Alighieri – hoje um museu - pode ser tida como exemplo nesse aspecto. Erguida em um espaço simples, assim como é a sua construção, sem o conforto dos palácios, e exprimida entre as outras de igual pobreza arquitetônica. O que expressa, de certo modo, a vida que levava. 
 
Isso, entretanto, não diminui o tamanho de sua obra.  Afinal, o seu talento – bem como a de todos os de sua época e das pessoas de qualquer tempo – jamais pode ser medido pelo dinheiro que possuía. Até porque o dinheiro acaba, sobretudo quando mal cuidado, enquanto aquilo que produziu continua sendo admirado.  
 
Aliás, Floresça pouco é lembrada pelo avantajado comércio que possuía. Tornou-se famosa – isto sim – por sua relevância nas artes. Condição que atrai levas de turistas, e estes, pelo seu turno, a vêem como “um museu a céu aberto”. 
 
Cenário comovente. De visita obrigatória. Independentemente se o visitante é especialista, estudioso ou crítico dos movimentos que revolucionaram a cultura mundial. Pois a cidade, embora de traçado complicado, apresenta monumentos extraordinários, em destaque para sua Catedral e os museus, cujo quadro se completa com as praças e prédios antigos.        

       
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.


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