Piscinão ou piscininhas
Em 2008, relatei sobre projetos que poderiam amenizar as consequências das enchentes provocados pelas grandes chuvas, aquelas que não se podem evitar... será? O mais curioso é que a capital de São Paulo tem uma lei que visa aumentar a permeabilidade do solo, reservar água nos prédios, diminuir o risco de enchentes e reservar água para fins não potáveis nos empreendimentos. Porém, nada andou. Essa lei obriga a construção de reservatório de águas pluviais nas edificações novas. Vai dar resultado daqui a cem anos...
A Alemanha instala cerca de 100 mil reservatórios pluviais por ano. Essa deveria ser a meta da Grande São Paulo, e com financiamento estadual e federal e com descontos em impostos. Creio ser possível equipar prédios e casas em prazos razoáveis, de cinco a dez anos. Inicialmente, pode ter um custo relativamente grande, já que equivale ao de uma piscina, mas não se deve esquecer que a economia de água para o consumidor e para a prefeitura é exponencial. A medida seria excelente em postos e lava-jatos. Qualquer casa pode ter também, aproveitam-se calhas e condutores e incluem-se filtros e reservatórios. A ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas, publicou uma nova norma para projetos de aproveitamento de água de chuva.
Já em 2009, há dois anos, sugeri ao "poder público" que estudasse a instalação de reservatórios para coleta das águas pluviais nas calçadas e com dispositivos para infiltração no solo dessas águas de chuva excedente para a reposição do subsolo. Milhões de piscininhas.
Descobri, agora, que pesquisadores da Universidade de Taubaté (Unitau) fizeram estudos e projeto de captação das águas em telhados e recarga artificial do subsolo. Em parceria com o Instituto Geológico da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e a Prefeitura Municipal de Taubaté, o projeto tratou da retenção do excedente hídrico, da aplicação de métodos de infiltração das águas das chuvas nos solos ou diretamente nos aqüíferos, a recarga, e que, ainda, diminui o escoamento superficial, responsável por erosão, transporte de sedimentos e assoreamentos, além de causador das enchentes em Taubaté.
O estudo liderado pelo Dr. Hélio Diniz revela que o telhado usado era bastante abaulado, construído em chapas zincadas novas, características que diminuem muito a possibilidade de conter microorganismos ou materiais tóxicos, evitando-se a contaminação dos aqüíferos onde estas águas são injetadas. Construíram o poço de extração/recarga próximo, em posição que possibilitasse o carreamento das águas por gravidade, até uma caixa conectada com o poço diminuindo-se gastos.
A viabilidade recarga artificial dos aqüíferos profundos está sendo demonstrada neste projeto, esperando acabar com o preconceito motivado pelo desconhecimento desta modalidade na preservação dos recursos hídricos subterrâneos.
Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), professor universitário e congregado mariano. (mariosaturno@uol.com.br)
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