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Brilho e Sujeira
Partindo de Lisboa, depois de alguns pares de horas, o avião chega ao Brasil. Aqui, ao contrário de lá, nesta fase do ano, predominam o calor e as chuvas. Neste aspecto, a cidade do Rio de Janeiro lembra muito Cuiabá, enquanto a Capital paulista não perde sua pose, com a garoa sendo uma espécie de “marca registrada”. Mas não demoraram muito para os pingos d’água se tornar mais grossos, e, novamente, se ter cenas de destruição e de corpos soterrados.
Cenários de um filme antigo. Tristemente “em cartaz”. Certamente pela ausência do olhar crítico da sociedade e da falta de ações mais arrojadas, com vistas à diminuição do impacto das águas, que derrubam quase tudo que encontram pela frente, deixando os escombros como sinais de suas passagens.
Quadro que se contrapõe ao belo. Beleza do Rio de Janeiro e de São Paulo. Metrópoles que possuem seus encantos naturais, os quais se misturam com as edificações humanas. Misturança que se dá também entre as construções velhas e novas, uma vez que as antigas se entrelaçam com as modernosas. Seria uma bela fotografia. Seria. Caso alguns prédios – os mais antigos – não se encontrassem em condições pouco ideais.
Isso, infelizmente, denuncia o descuido. Desleixo que, pelo seu turno, traz “velhas” lembranças e, ao mesmo tempo, saudades das paisagens européias – ricas em edifícios históricos, bem cuidados e altamente valorizados.
Preservar demonstra o gostar da cidade. Não só pela sua constituição arquitetônica, mas também por sua história. Traços que, ao contrário de se distanciarem um do outro, os aproximam. Ajuntamento revelador. Pois ao se revelar, destaca os pontos de referências. Estes são importantes para seus moradores, os quais carecem daqueles, inclusive, no que diz respeito à locomoção e a própria interação com o lugar onde moram.
Situação necessária. Imprescindível, evidentemente. Até porque seria inimaginável existir o espaço urbano sem as pessoas, e estas perderiam seu ponto de apoio, sua vida democrática com a ausência do espaço que, na verdade, é essencialmente humano.
Nesse sentido, vale observar, o Rio de Janeiro e São Paulo, assim como todas as cidades - velhas, novas, grandes ou pequenas – são aquilo que seus moradores querem que elas sejam. Independentemente do governante de plantão ou das elites – privilegiadas pelos poderes constituídos.
Percebe-se, então, o que se chama de região urbana está sempre em construção. Construção que se dá diariamente, e com a participação de todos, ainda que alguns poucos não tenham clareza disso. Pois esse é um processo comunitário, comum e não apenas uma incumbência de “gente da sociedade”.
Daí a relevância de se olhar e reolhar as cidades. E fazer esse olhar e reolhar criticamente, sobretudo no que tange a sujeira espalhada pelas avenidas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Sujeira – inclusive a dos escombros provocados pelas chuvas - que subtrai o brilho que lhes é tão peculiar.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
Cenários de um filme antigo. Tristemente “em cartaz”. Certamente pela ausência do olhar crítico da sociedade e da falta de ações mais arrojadas, com vistas à diminuição do impacto das águas, que derrubam quase tudo que encontram pela frente, deixando os escombros como sinais de suas passagens.
Quadro que se contrapõe ao belo. Beleza do Rio de Janeiro e de São Paulo. Metrópoles que possuem seus encantos naturais, os quais se misturam com as edificações humanas. Misturança que se dá também entre as construções velhas e novas, uma vez que as antigas se entrelaçam com as modernosas. Seria uma bela fotografia. Seria. Caso alguns prédios – os mais antigos – não se encontrassem em condições pouco ideais.
Isso, infelizmente, denuncia o descuido. Desleixo que, pelo seu turno, traz “velhas” lembranças e, ao mesmo tempo, saudades das paisagens européias – ricas em edifícios históricos, bem cuidados e altamente valorizados.
Preservar demonstra o gostar da cidade. Não só pela sua constituição arquitetônica, mas também por sua história. Traços que, ao contrário de se distanciarem um do outro, os aproximam. Ajuntamento revelador. Pois ao se revelar, destaca os pontos de referências. Estes são importantes para seus moradores, os quais carecem daqueles, inclusive, no que diz respeito à locomoção e a própria interação com o lugar onde moram.
Situação necessária. Imprescindível, evidentemente. Até porque seria inimaginável existir o espaço urbano sem as pessoas, e estas perderiam seu ponto de apoio, sua vida democrática com a ausência do espaço que, na verdade, é essencialmente humano.
Nesse sentido, vale observar, o Rio de Janeiro e São Paulo, assim como todas as cidades - velhas, novas, grandes ou pequenas – são aquilo que seus moradores querem que elas sejam. Independentemente do governante de plantão ou das elites – privilegiadas pelos poderes constituídos.
Percebe-se, então, o que se chama de região urbana está sempre em construção. Construção que se dá diariamente, e com a participação de todos, ainda que alguns poucos não tenham clareza disso. Pois esse é um processo comunitário, comum e não apenas uma incumbência de “gente da sociedade”.
Daí a relevância de se olhar e reolhar as cidades. E fazer esse olhar e reolhar criticamente, sobretudo no que tange a sujeira espalhada pelas avenidas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Sujeira – inclusive a dos escombros provocados pelas chuvas - que subtrai o brilho que lhes é tão peculiar.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
URL Fonte: https://arenapolisnews.com.br/artigo/618/visualizar/
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