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Opinião
Quinta - 27 de Janeiro de 2011 às 16:10
Por: Mario Eugenio Saturno

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Estive lendo um interessante estudo de D. Estevão Bettencourt sobre o "Livro de Henoque" que irei compartilhar com o leitor alguns pontos interessantes. Para quem não sabe, Henoque (Gn 5, 21-24) é o sétimo personagem da linhagem dos setitas, filho de Jared e pai de Matusalém (conhecido pela longevidade, já que viveu 365 anos, após os quais foi arrebatado por Deus, não morreu.

Segundo os rabinos, Henoque teria recebido de Deus a revelação do juízo destinado aos anjos maus que se perverteram com mulheres e ensinaram artes mágicas aos homens. O livro que daí resultou, data dos século II/I a.C., foi escrito em hebraico (capítulos 1-5 e 37-108) e aramaico (cap. 6-36). O texto original perdeu-se. Existem, porém, traduções nas línguas grega, etíope e latina.

Na obra consta o discurso de Henoque sobre o juízo final, uma visão assustadora (cap. 1-5). A descrição da queda dos anjos, de viagens pelo paraíso terrestre e o inferno; (cap. 6-36). O discurso das parábolas, que ilustram a sorte póstuma dos justos e a dos pecadores, há também referência ao Messias dito "Eleito" e "Filho do Homem" (cap. 37-71). Um discurso de astronomia, que descreve o curso do Sol e o da Lua(72-82). O livro das visões, a história do mundo de Adão até Moisés (83-90). O livro da edificação (91-105). Finalmente, o epílogo (106-108).

Existe ainda o Livro de Henoque Eslavo ou o Livro dos Segredos de Henoque. Narra a elevação de Henoque aos céus, onde ele recebe o conhecimento das regiões celestes e dos seis mistérios; Deus mesmo lhe revela como criou o mundo e lhe revela o futuro. É obra de um judeu, que a redigiu em grego no início do século I a.C. em Jerusalém.

O livro de Henoque foi usado pelos antigos escritores cristãos. Há várias citações, mas nem por é dito livro inspirado. Principalmente pela sugestão de que os anjos, que não têm corpo nem podem encarnar, copularam. Porém, podemos considerar algumas teses do livro de Henoque, como podemos ver em Pedro (2Pd 2, 4: Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os precipitou nos abismos tenebrosos do inferno onde os reserva para o julgamento) e Judas (1,6).

Para o fiel católico ou qualquer cristão, a origem do mal está no pecado dos primeiros pais. Estes foram elevados ao estado de justiça original, mas nele não perseveraram em razão de sua soberba, quiseram ser como Deus, árbitros do bem e do mal. Disseram Não a Deus - o que os despojou da riqueza da graça e os tornou sujeitos à morte violenta e seus precursores. A humanidade sofre as conseqüências desta culpa, já que há solidariedade entre as gerações. Todavia, logo após a culpa e sua punição, é prometido o Salvador (Gn 3, 15) o que envolve a própria realidade do pecado e de suas conseqüências num plano de amor e misericórdia de Deus para com a criatura. O texto pode ser conferido na íntegra na Revista: "Pergunte E Responderemos".


Mario Eugenio Saturno
é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), professor universitário e congregado mariano. (mariosaturno@uol.com.br)



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