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Fim de uma etapa. Não da jornada
Acabaram-se as férias. Hora de tomar o caminho de volta, carregando na bagagem saudades, lembranças e um aprendizado extraordinário. Retorno às atividades profissionais, ao lar, às tarefas acadêmicas e às coisas idas e vividas da gente mato-grossense.
Já era em tempo. Pois, a exemplo do dito popular, “alguém, na família, tem que trabalhar”, ganhar dinheiro para bancar o sustento diário e quitar as dívidas – velhas e novas, ou antigas que se renovam.
Tarefas nada fáceis. Bem mais difíceis do que aparenta revelar o discurso oficial. Pois, no Brasil, boa parte da “grana” que se recebe vai parar nas burras do governo: em forma de impostos indiretos, quando se compra quaisquer produtos – ainda que seja uma bugiganga adquirida longe do mercado informal – e/ou no chamado direto. Afinal, por aqui, salários são vistos como “rendas”, e estas, objetos de “tributação”, cujo índice percentual é descontado diretamente na fonte, sem passar pelas mãos do trabalhador.
Contribuinte-trabalhador que, na maioria das vezes, tem que cortar gastos – nem sempre supérfluos – e levar tudo “na ponta do lápis”, com intuito de se ver livre do “estar no vermelho”; enquanto os governos, independentemente de suas esferas administrativas, jamais se preocupam com os excessos. Não estão nem aí para o café que desperdiça, tampouco com as lâmpadas acesas sem precisão alguma, e, muito menos, com os recursos destinados a sustentar mordomias ou privilégios, ainda que em forma de “merenda” ou de “mensalão”.
Quando “a coisa aperta”, diferentemente do trabalhador, inventa uma modalidade de imposto, taxa ou “sei lá o quê” para empurrar suas contas para o contribuinte.
Assim, a despeito do marketing governamental, o “tocar a vida” não é empreitada de fácil manejo. Requer destreza, perseverança e, mais do que isso, planejamento. Planeja-se de um tudo. Incluído aqui o próprio viver, uma vez que este exige necessidades que, não por ocaso, custam sacrifícios, entre os quais “o abrirem mão” de entretenimento importante para uma vida saudável.
Passear, sem dúvida alguma, é um desses “bens” relevantes. Muitas vezes, maior que a própria aquisição de outro, de conotação material. Pois este, dependendo do material, logo perde o seu preço original, ao passo que uma viagem, além do descanso depois de trezentos e sessenta e cinco dias de trabalho, contribui bastante para o deleite, para massagear a alma e, sobretudo, para o aprimoramento de conhecimentos.
Conhecer, antes de qualquer coisa, é trazer para perto do sujeito algo que se coloca como objeto. Daí a abrangência do sentido de viajar, que se estende do ato de observar, analisar e apreender até o confrontar aquilo que se tem como verdadeiro – adquirido nos livros, aulas, sites, meios de comunicação, etc. – com os cenários que lhe serviu de útero. Percebe, portanto, a importância de uma viagem, mesmo que seja para paragens distantes do torrão natal. Por isso se diz: chegou-se ao fim de uma etapa, não da jornada, a qual ainda resta muito por caminhar, e o retomar das tarefas diárias tem tudo a ver com esse prosseguimento.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
Já era em tempo. Pois, a exemplo do dito popular, “alguém, na família, tem que trabalhar”, ganhar dinheiro para bancar o sustento diário e quitar as dívidas – velhas e novas, ou antigas que se renovam.
Tarefas nada fáceis. Bem mais difíceis do que aparenta revelar o discurso oficial. Pois, no Brasil, boa parte da “grana” que se recebe vai parar nas burras do governo: em forma de impostos indiretos, quando se compra quaisquer produtos – ainda que seja uma bugiganga adquirida longe do mercado informal – e/ou no chamado direto. Afinal, por aqui, salários são vistos como “rendas”, e estas, objetos de “tributação”, cujo índice percentual é descontado diretamente na fonte, sem passar pelas mãos do trabalhador.
Contribuinte-trabalhador que, na maioria das vezes, tem que cortar gastos – nem sempre supérfluos – e levar tudo “na ponta do lápis”, com intuito de se ver livre do “estar no vermelho”; enquanto os governos, independentemente de suas esferas administrativas, jamais se preocupam com os excessos. Não estão nem aí para o café que desperdiça, tampouco com as lâmpadas acesas sem precisão alguma, e, muito menos, com os recursos destinados a sustentar mordomias ou privilégios, ainda que em forma de “merenda” ou de “mensalão”.
Quando “a coisa aperta”, diferentemente do trabalhador, inventa uma modalidade de imposto, taxa ou “sei lá o quê” para empurrar suas contas para o contribuinte.
Assim, a despeito do marketing governamental, o “tocar a vida” não é empreitada de fácil manejo. Requer destreza, perseverança e, mais do que isso, planejamento. Planeja-se de um tudo. Incluído aqui o próprio viver, uma vez que este exige necessidades que, não por ocaso, custam sacrifícios, entre os quais “o abrirem mão” de entretenimento importante para uma vida saudável.
Passear, sem dúvida alguma, é um desses “bens” relevantes. Muitas vezes, maior que a própria aquisição de outro, de conotação material. Pois este, dependendo do material, logo perde o seu preço original, ao passo que uma viagem, além do descanso depois de trezentos e sessenta e cinco dias de trabalho, contribui bastante para o deleite, para massagear a alma e, sobretudo, para o aprimoramento de conhecimentos.
Conhecer, antes de qualquer coisa, é trazer para perto do sujeito algo que se coloca como objeto. Daí a abrangência do sentido de viajar, que se estende do ato de observar, analisar e apreender até o confrontar aquilo que se tem como verdadeiro – adquirido nos livros, aulas, sites, meios de comunicação, etc. – com os cenários que lhe serviu de útero. Percebe, portanto, a importância de uma viagem, mesmo que seja para paragens distantes do torrão natal. Por isso se diz: chegou-se ao fim de uma etapa, não da jornada, a qual ainda resta muito por caminhar, e o retomar das tarefas diárias tem tudo a ver com esse prosseguimento.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
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