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Opinião
Quarta - 02 de Fevereiro de 2011 às 18:55
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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Os comovidos pronunciamentos, os discursos emocionados e as mirabolantes  propostas das últimas eleições ainda ecoam em nossa lembrança. Com eles, os candidatos e seus partidários buscavam (e muitos conseguiram) captar os nossos votos. Os novos governantes tomaram posse e os parlamentares serão empossados nos próximos dias – os federais a 1º de fevereiro e os estaduais entre 1º e 15, conforme a unidade da federação – e já se verifica intensa movimentação de ex-candidatos e de lideranças políticas (prefeitos especialmente), que buscam reacomodação partidária e de grupo. Nem bem terminaram uma eleição, ansiosos, movimentam-se para a próxima, que só ocorrerá no segundo semestre de 2012.

A reciclagem dos grupos é natural e conseqüência do resultado das urnas. Mas, algumas mudanças hoje ensaiadas esbarram no absurdo e enveredam pelo ridículo. Candidatos derrotados e seus seguidores anunciam o interesseiro propósito de  se separarem para garantir a sobrevivência política. Tomarão rumos diferentes para que, separados, cada um possa abiscoitar a sua lasca de poder em agremiações opostas. É esse comportamento, entre outros, que infelizmente leva o descrédito à população que, em voz corrente e áspera, costuma afirmar que “político é tudo igual” ou “é tudo sem-vergonha”.

Esses senhores deveriam ter um pouco mais de respeito ao eleitorado e, principalmente coerência com as pregações que fizeram na tentativa de conquistar o voto. Não devem mudar de partido ou de posição com a mesma facilidade em que mudam de camisa ou cueca. O eleitor que acreditou em suas propostas e deu-lhe o voto certamente ficará ofendido se em seguida o encontrar no meio dos adversários de ontem e fazendo o discursos destes, diferente do que dizia antes. Quem perde a eleição, embora não assuma o cargo pretendido, ainda continua comprometido com o seu programa e, se tem juízo, permanece fazendo a mesma pregação e, através da base parlamentar do seu partido, exerce a oposição construtiva. Questiona o governante e procura orientá-lo e fazer o contraponto democrático. Cumprida essa tarefa, até pode voltar a candidatar-se na próxima oportunidade.

O carreirismo desenfreado só existe porque grande parcela do eleitorado não se interessa por política. Muitos fazem questão de verberar contra os políticos, esquecendo-se que, gostando ou não deles, continuarão vivendo num país, estado e município por eles governados. Por isso é importante votar consciente e acompanhar o desempenho – no mandato ou fora dele – dos candidatos em quem votamos. É desse acompanhamento que poderá surgir a decisão mais acertada e o aperfeiçoamento do voto nas próximas eleições.

No dia em que o povo estiver exercendo conscientemente o seu direito do voto, deixarão de existir as barganhas de cargos, as trocas estapafúrdias de partido e toda a negociata que se faz com o dinheiro do povo em benefício de caciques e grupos,  à revelia e prejuízo do próprio povo. Quando isso acontecer (e, certamente, vai acontecer), o político voltará a ser um cidadão respeitado e o povo terá condições objetivas para viver melhor...


Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

aspomilpm@terra.com.br



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