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Apenas Uma Reflexão
Reiniciou-se o ano letivo. Uma ou outra instituição que ainda está com as portas fechadas, deve reabri-las após o carnaval. A opção por agora, portanto, ficou por conta da maioria. Isso se justifica, assim como a minoria tem lá suas razões. Não cabe, aqui, trazer as tais justificativas para a discussão. Afinal nenhuma delas deixará de cumprir o calendário exigido. O importante, então, é realçar a motivação reinante entre alunos e professores. Embora se saiba que estarem motivados não constitui tudo dentro de um educandário superior. Sentimento relevante, sem, contudo, ser tudo. Sobretudo quando se percebe que o impulsionar dessa dita motivação – pelo menos em sua grande parte – vem do reencontro e/ou do encontro.
Esses “motivadores” se prendem a momentos que, logo, se desfazem. Tão logo, igualmente, deixa de existir o fator novidade. Pois de novo, na realidade, nada se tem no interior de uma universidade. Até porque suas salas de aulas possuem formatos idênticos aos dos ensinos médio e fundamental; muitos de seus professores se valem de táticas antigas, bastante parecidas com as que se tem nessas redes escolares, e, a exemplo de seus parceiros secundaristas, jogam a culpa no “sistema” quando as coisas não dão certo.
Mal percebem que o bom resultado se deve ao trabalho conjunto – de toda a comunidade acadêmica. Trabalho voltado para transformar a universidade em, de fato, uma universidade. O que não vem sendo feito. Pois ainda se insiste em mantê-la como uma espécie de extensão do segundo grau, com o uso abusivo de “receitas” para “suavizar” o “aprendizado” – como se o aprender não exigisse esforço algum e o abrir mão de uma série de coisas, entre as quais aquelas que mais atraem as pessoas, pois têm a ver com entretenimento.
Entreter, definitivamente, não parece ser tarefa da universidade. Ainda que no seu interior existam momentos de descontração. Pois ninguém é de ferro. Mas a sua labuta diária prende ao “tornar a ser”. O que passa pela condição de excelência, e esta, obviamente, requer a existência de debates, os quais cobram antes a leitura – no seu mais amplo sentido – e a reflexão. Tarefas necessárias para a própria formação de opinião, que inexiste sem a fundamentação. Diferentemente, portanto, do “achismo”, que aparece sempre despido de embasamento, de fundamento, porém infelizmente bastante frequente nos prédios destinados ao ensino superior. Isso afugenta com a esgrima e, ao mesmo tempo, realça sobremaneira a retórica sem conteúdo. O que distancia este ensino de sua real função.
Urge, então, outra postura de toda a comunidade acadêmica. Postura norteada pelo diálogo. Aliás, não se tem debate sem o processo dialógico – até mesmo como tônica ou impulsionadora da nova universidade.
Processo que exige um lugar apropriado para os debates, e este lugar, por outro lado, não deveria ser outro senão as próprias salas de aula. Foros permanentes do “confronto” de idéias – não de pessoas. Experiência imprescindível para o próprio viver livremente. Essencial, portanto, para a democracia, que passa pela formação política dos cidadãos, inclusive dos não frequentadores da rede do ensino superior.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
Esses “motivadores” se prendem a momentos que, logo, se desfazem. Tão logo, igualmente, deixa de existir o fator novidade. Pois de novo, na realidade, nada se tem no interior de uma universidade. Até porque suas salas de aulas possuem formatos idênticos aos dos ensinos médio e fundamental; muitos de seus professores se valem de táticas antigas, bastante parecidas com as que se tem nessas redes escolares, e, a exemplo de seus parceiros secundaristas, jogam a culpa no “sistema” quando as coisas não dão certo.
Mal percebem que o bom resultado se deve ao trabalho conjunto – de toda a comunidade acadêmica. Trabalho voltado para transformar a universidade em, de fato, uma universidade. O que não vem sendo feito. Pois ainda se insiste em mantê-la como uma espécie de extensão do segundo grau, com o uso abusivo de “receitas” para “suavizar” o “aprendizado” – como se o aprender não exigisse esforço algum e o abrir mão de uma série de coisas, entre as quais aquelas que mais atraem as pessoas, pois têm a ver com entretenimento.
Entreter, definitivamente, não parece ser tarefa da universidade. Ainda que no seu interior existam momentos de descontração. Pois ninguém é de ferro. Mas a sua labuta diária prende ao “tornar a ser”. O que passa pela condição de excelência, e esta, obviamente, requer a existência de debates, os quais cobram antes a leitura – no seu mais amplo sentido – e a reflexão. Tarefas necessárias para a própria formação de opinião, que inexiste sem a fundamentação. Diferentemente, portanto, do “achismo”, que aparece sempre despido de embasamento, de fundamento, porém infelizmente bastante frequente nos prédios destinados ao ensino superior. Isso afugenta com a esgrima e, ao mesmo tempo, realça sobremaneira a retórica sem conteúdo. O que distancia este ensino de sua real função.
Urge, então, outra postura de toda a comunidade acadêmica. Postura norteada pelo diálogo. Aliás, não se tem debate sem o processo dialógico – até mesmo como tônica ou impulsionadora da nova universidade.
Processo que exige um lugar apropriado para os debates, e este lugar, por outro lado, não deveria ser outro senão as próprias salas de aula. Foros permanentes do “confronto” de idéias – não de pessoas. Experiência imprescindível para o próprio viver livremente. Essencial, portanto, para a democracia, que passa pela formação política dos cidadãos, inclusive dos não frequentadores da rede do ensino superior.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
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