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Opinião
Terça - 27 de Agosto de 2013 às 16:28
Por: Eldes Ivan de Souza

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 Há algum tempo li o romance de Piers Paul Read, sob o título acima, em cuja obra ele conta a “estória” de um jovem que foi colocado num internato mantido por monges beneditos, no interior da Inglaterra. Certa feita esse jovem, lá pelo fim do último semestre, perguntou a um colega: - O que você acha da ideia de entrar para o mosteiro?
 
__ O quê? Disse-lhe o amigo. Entrar para o mosteiro? Você deve estar maluco.
 
__ É sério... Acho que tenho vocação.
 
__ Como sabe?
 
__ Eu sempre tive essa sensação de que devia ajudar as outras pessoas. E, como diz o padre Tim, a melhor maneira de servir aos outros é servir a Deus.
 
Desejando mais orientação, um dia procurou um padre mais experiente e, em particular, lhe perguntou: __ O senhor não acha – perguntou – que eu daria um padre melhor se passasse um ou dois anos fora daqui?
 
Respondeu-lhe o experiente padre: --- Veja Eddie, a gente não precisa de experiência do mundo para abrir à alma os caminhos da graça divina. Não precisa conhecer a terra para orar ao céu. Quando as pessoas falam de experiência, hoje, querem dizer conciliação... conciliação com o pecado, num mundo que é o principado do Diabo. Eu lhe digo Eddie, se você saísse, talvez jamais pudesse voltar. Enquanto Deus o chama – prosseguiu o padre – o Diabo bloqueia seus ouvidos.
 
Sentindo-se que não tinha mais dúvidas, o jovem ingressou, por fim, no mosteiro, sendo que seis anos depois de fazer os primeiros votos foi ordenado sacerdote.
 
Com o passar dos anos, passou a travar uma luta interna entre o certo e o errado, perdendo-se, constantemente, nos recessos de sua alma e esquecendo-se cada vez mais das pessoas e dos assuntos externos do mosteiro até que o padre abade, seu superior, o orientou para deixar a vida de um monge e realizar o trabalho de um padre paroquial, intercedendo junto ao cardeal arcebispo para ajudá-lo.
 
Por algum tempo foi enviado para pregar e celebrar missas em muitas e diferentes paróquias da diocese existentes nos arredores de Londres, onde também visitava e confortava inúmeras pessoas.
 
Um dia, depois de alguns anos, resolveu que ia desistir do sacerdócio porque não acreditava mais na coisa, em nada daquilo que lhe incutiram no Seminário. Nem mesmo em Deus.
 
Sem amigos e sem experiência foi, por algum tempo, um leigo tão solitário quanto tinha o sido como padre. Tornou-se jornalista, namorou, viveu em boas e más companhias, e conheceu os prazeres mundanos.
 
Esse poderia ter sido o fim da história não fosse o fato de que ninguém mais o vira por um bom tempo até que um de seus amigos dissera: --- Amanhã, por ocasião da nossa viajem, nós vamos passar muito perto de um mosteiro trapista. Alguém perguntou: --- Vale a pena ver? Outro respondeu: ---- nosso amigo sumido está lá.
 
--- Quero tentar vê-lo, disse uma sua ex-namorada. ---- Ele é monge, ou o quê?
 
--- Deixe-o em paz, ele provavelmente retornou à Igreja em busca de conforto...
 
Então, foi assim: entre a fé e o pecado, ele acabou escolhendo a fé, explicando que readquirira a fé e voltou para viver definitivamente como monge.
 
Refletindo acerca do tema, olho os jornais e vejo as tristes e lamentáveis notícias falando de padres pedófilos e de pastores estupradores e que desviam dinheiro da sua igreja em benefício próprio. E, ao contrário do enredo final do romance, o que se vê é que em casos tais, entre a fé e o pecado, esses padres e pastores ficaram com o pecado.
 
Se é certo que todas as religiões são boas porque inspiradas por Deus, a verdade é que existe por aí, mundo afora, muitos falsos profetas que vivem construindo ou inventando verdades quando, na realidade, não vivem – eles próprios – segundo a Verdade de que falam.


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