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Opinião
Terça - 22 de Março de 2011 às 16:08
Por: Nestor Fernandes Fidelis

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Há ações e pensamentos sintomáticos do real desenvolvimento da humildade. Capacidade de pedir perdão, saber ouvir mesmo quando já se tem conhecimento do assunto, confessar que não sabe sobre outros tantos temas, sempre buscando conhecer os próprios limites e, em os conhecendo, não agredir a si mesmo.

Humildade é uma virtude ativa, e não passiva.

Não convém confundir humildade com tentativa de ser "coitadinho", ou "bonzinho". Coitadinho é aquele sujeito que vive se lamentando: "oh vida! oh azar! ninguém gosta de mim!". Já o Bonzinho, que muitas vezes também assume a condição de coitadinho, é aquele que sempre quer agradar aos outros, vive em busca de alguém com dificuldade para se mostrar como o bom samaritano, o herói da sociedade, conquanto não assuma os desafios íntimos nem persevere para se equilibrar e domar suas más tendências. Ambos, na realidade, têm muito marcante em sua personalidade o ego e o orgulho, razão pela qual sentem a necessidade de ser o centro das atenções, de serem admirados. Chegam a passar por cima de necessidades pessoais com o fito de agradar a outrem, somente para se sentirem amados, ou por não terem coragem de dizer "não", mesmo quando tal postura se faz imprescindível, frisamos.

É proativa a humildade, sobretudo, por ser a virtude que nos impele a colocar limites nas relações, cientes de nossa capacidade e, também, das deficiências que ainda trazemos por serem transmutadas. A pessoa humilde não assume compromissos em escala superior às suas próprias limitações, não tendo motivo para negar o que não lhe seja útil, bem como ao seu próximo, por consequência.

Ocorre que nos parece muito tênue a linha que separa a humildade do orgulho, justamente sentimentos diretamente opostos um do outro. Muitas vezes agimos orgulhosamente, pensando (ou fingindo) estarmos sendo humildes, e vice-versa. Logo, torna-se importante meditarmos: o que este sentimento quer me dizer? o que pretendo, verdadeiramente, com tal pensamento? se tal fato se consumar, como me sentirei? eventual satisfação é de ordem permanente ou se trata de uma fuga? em que isso ou aquilo contribuirá com meu crescimento pessoal?

O amor e a humildade são sentimentos que nos dão força, portanto, para rejeitar os convites da "porta larga", bem como as injustas imposições, à luz do que nos orienta o Espírito Joanna de Ângelis, quando assevera que "se equivoca aquele que diz ser quem não é, tanto quanto aquele que não diz ser quem é".

Humildade é bem diferente de simplicidade, eis que inúmeras pessoas são simples, mas apresentam o orgulho exacerbado. Não raro, se dizem humildes, mas as atitudes denotam outras qualidades nada nobres, com considerável personalismo e arrogância, valendo considerar que o arrogante nada mais é do que uma pessoa frustrada, que se sente, no íntimo, inferior (mesmo sem sê-lo) e busca disfarçar sua insatisfação com atitudes autoritárias e agressivas, conquanto mantenha um discurso de humildade.

Por tudo isso, somos convidados a desenvolver o auto-amor, por meio da auto-aceitação sem acomodação, agindo com flexibilidade perante os erros, que também são meios de aprendizado. Desta forma, conseguiremos alcançar a tão almejada virtude da humildade.

NESTOR FERNANDES FIDELIS
 

 



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