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Opinião
Quarta - 23 de Março de 2011 às 16:07
Por: Dejair Soares

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A Constituição Federal garante no artigo 6° que "são direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados". Tal norma, apesar de ser clara e parecer de aplicação eficaz, não acontece.

O que na verdade ocorre, é que tais normas têm a denominação de conteúdo programático, em que se espera do governo poder cumpri-las, quando breve seja possível. Errado. Isso deve ser o mínimo que um Estado democrático de direito deveria garantir e manter a seus cidadãos. Pergunto: onde está o CRM e o SINDMED para defender este Estado democrático de direito?

Hoje não se consegue manter a estrutura gigantesca que é a saúde pública por ser um dos setores mais corruptos do sistema brasileiro. É sanguessuga, máfia das ambulâncias, rombo do Ipemat. Estes são apenas alguns dos escândalos atuais. Para onde foram os recursos da CPMF? Quantos e quantos milhões foram arrecadados, eles melhoraram a saúde desses país?

O histórico do Brasil também não favorece as gestões da saúde pública, totalmente viciadas em superfaturamentos e verbas desviadas por  total irresponsabilidade do sistema judiciário. A morosidade no andamento dos processos permite que os criminosos assassinem mais vidas, desviando os recursos. O resultado é uma população carente, agonizando em filas de policlínicas e prontos socorros, aguardando por um atendimento que não acontece.

O SUS deveria atender a todos, sem qualquer distinção de classe financeira entre os pacientes, mas na verdade está tratando os usuários como verdadeiros indigentes na “fila da morte”, por falta de atendimento de um médico. A grande jogada desses doutores é, em conjunto com o governo, passar ao cidadão a sensação de que o direito á saúde é algo que o indivíduo deve espera para ter algum dia. Diante do abandono ainda aproveitam para abrir suas clínicas, seus hospitais particulares e criar as operadoras de convênio médico-hospitalar.

Enquanto o Brasil continuar tratando os direitos sociais previstos na Constituição como algo a ser alcançado no futuro, a nação jamais poderá dar ao cidadão a condição mínima de sobrevivência. Cuba tem um dos mais modernos e eficazes centros de saúde universal do mundo. Outro ponto são os cursos de medicina. Enquanto eles forem somente para a elite, a saúde deste país sempre estará na UTI. Precisamos urgentemente universalizar esta faculdade para oferecer ao mercado mão de obra. Assim, esta “pena de morte” em que estão nossos "indigentes" será resolvida.

A implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) se deu na Constituição de 1988, que previa que ele deveria ser um sistema de atendimento universal, ou seja, atender a todos, sem qualquer distinção de classe econômica. Eu pergunto ao CRM e ao SINDMED, o que os senhores têm feito para o fortalecimento do SUS? Falta aos governantes tomar consciência que o direito à saúde é para todos, independente de qualquer classe social, econômica, crença e raça.

Doutores, quanto ao sistema que o Governo do Estado quer implantar para atender os usuários, não interessa se é "OSS" ou "chaminé". O povo quer atendimento de qualidade e uma saúde de verdade. Chega de hipocrisia, os senhores sempre se acharam os professores de Deus. A escala de plantão é para ser cumprida, mas não em casa ou nos seus consultórios. A categoria médica se tornou um poder paralelo no Brasil, aquilo que não é do seu interesse acaba se sobrepondo ao Estado democrático de direto. O governo brasileiro é o grande responsável pelo protecionismo desta reserva de mercado que se tornou a medicina Brasileira.

   Dejair Soares é publicitário em Cuiabá



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