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Opinião
Quinta - 31 de Março de 2011 às 10:02
Por: Kleber Lima

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Uma das notícias mais inusitadas que já li foi a rejeição de moção de aplausos ao juiz federal Julier Sebastião da Silva, da 1ª Vara Federal de Mato Grosso, pela Câmara Municipal de Vereadores de Poconé. Fosse Julier um magistrado novel e opaco, e qualquer cidadezinha do Brasil iria querer dar-lhe essa distinção, pequena homenagem, que faz parte das liturgias mais simplórias das relações entre os poderes.

Nos filmes americanos vemos sempre famílias recém chegadas a um bairro serem procuradas pelos vizinhos com alguma oferenda – normalmente torta de maçã! – em sinal de boas-vindas.

Os times de futebol, especialmente nos confrontos entre seleções de países diferentes, sempre escalam seus capitães para presentearem os adversários com seu escudo ou flâmula.

E nas pequenas e médias cidades, sempre que chega uma nova autoridade ao município, seja juiz, promotor, padre ou delegado, prefeito e vereadores sempre o prestigiam com homenagens as mais variadas, desde convites para cerimônias oficiais, casamentos, batizados, jantares, etc.

Logo, esses gestos representam a hospitalidade, urbanidade, e distinção que constroem o networking necessário para a harmonia entre comunidades, e também as redes de relacionamento informal e social entre os membros dos poderes e as instituições de uma sociedade.

Mas, sendo Julier um magistrado de tamanha envergadura, com uma atuação destacada em âmbito nacional, causa estranheza que um gesto de elegância e reconhecimento proposto por um vereador tenha rachado a Câmara de Poconé, que acabou negando a honraria, expondo o juiz, no mínimo, a um grande desconforto.

O que há por detrás dessa deselegância?

Pensando nesta pergunta, o site Hipernotícias procurou o juiz, e este declarou apenas que não tinha o que declarar, por deconhecimento da situação.

Qual a explicação para o ato da Câmara?

O site fez esta pergunta à presidente da Câmara, uma militante petista – partido ao qual o magistrado já pertenceu -, e ela disse resumidamente que, embora a decisão do juiz tivesse reparado prejuízos de uma ex-cliente de um banco-cooperativa que atuava na cidade e faliu, Julier ainda precisa dar “resultados mais contundentes” sobre o caso. Talvez estendendo sua decisão a todos os prejudicados pela cooperativa financeira.

Chegam outras informações de Poconé dando conta que populares ergueram faixas em apoio ao juiz. Quando nada, tentam reparar a descortesia da Câmara, que, ainda que sem motivo mais “contundente” para negar a moção – o que, de resto, demonstrou não possuir -, não deveria ter se exposto, exposto a cidade de Poconé e tampouco o juiz da forma como fizeram. A Câmara deixou de representar seus representados, uma vez que o povo pantaneiro, especialmente o poconeano, é urbano, amistoso e hospitaleiro, e jamais cometeria tal indelicadeza.

Ou há algo que a Câmara de Poconé sabe (e não nos disse!) sobre a atuação do juiz Julier Sebastião no caso Sicoob que o faça desmerecer os aplausos da municipalidade poconeana pelo conjunto de sua obra - ainda que tenhamos alguns reparos pontuais a fazer sobre sua atução?! Enquanto não for revelada e conhecida essa justificativa, o juiz Julier merece os meus aplausos.

(*) KLEBER LIMA é jornalista em Mato Grosso. E-mail: kleberlima@terra.com.br

 



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