Mães e mulheres de fé
No Dia das Mães, convido todos a fazerem uma reflexão sobre a vida das mulheres que souberam assumir a maternidade como dom de Deus. Elas nos ensinam a amar os nossos filhos na alegria, na tristeza, na doação, no sofrimento, na renúncia e, se necessário for, a dar a sua própria vida em favor do filho.
O nosso primeiro modelo de mãe é Maria, a Mulher de Fé, a Mulher de ligação entre o céu e a terra, a Mãe de Deus e nossa, que diante da Cruz nos ensinou a amar o filho até as últimas consequências.
A Virgem Maria é exemplo de ternura, compreensão, doação, simplicidade, fidelidade, oração, fé, atenção e abertura a Deus e à realidade de seus filhos. Ela é capaz de ver Deus em tudo, capaz de ver tudo com os olhos de Deus. Com alegria, ela confiou no plano de Deus: “Eu sou a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra” (Lc 1, 38). A confiança da Santíssima Virgem brota da fé. Ela firmou os pés em Deus, confiando, crendo e estando ancorada no plano d’Ele. E assim encontrou a verdadeira felicidade! Ter fé é firmar os pés em Deus! O segredo para ser feliz é ter fé. Maria é a Mãe da fé.
Outro exemplo de mãe, mulher de fé, que tem os pés firmados em Deus é a de uma mulher normal, Santa Gianna Beretta Molla, que nasceu na Itália e viveu em nossa época, conciliando a sua vida profissional de médica com os deveres de mãe, esposa, acolhendo plenamente o dom da fé e a educação cristã, recebidas de seus exemplares pais, que a levaram a considerar a vida como um dom maravilhoso de Deus, a ter confiança n’Ele e a estimar a necessidade e a eficácia da oração.
Formou-se com louvor em medicina e entre seus clientes demonstrou especial cuidado para com as mães, crianças, idosos e pobres. Especializou-se em Pediatria, mas frequentou uma clínica obstétrica, pois – por seu grande amor às crianças e às mães – pretendia unir-se ao seu irmão, padre Alberto, médico e missionário no Brasil. Este, com a ajuda do seu outro irmão, Francesco, que era engenheiro, construiu um hospital na cidade de Grajaú, no Estado do Maranhão. Gianna, por conta de sua saúde frágil, foi desaconselhada pelo bispo a vir ao Brasil. Enquanto exercia sua profissão, que era considerada por ela como uma “missão”, aumentou seu generoso compromisso para com a Ação Católica, e consagrou-se intensamente na ajuda às adolescentes. Por meio do alpinismo e do esqui manifestou sua grande alegria de viver e de gozar os encantos da natureza. Através da oração pessoal e da dos outros, questionou-se sobre sua vocação, considerando-a como dom de Deus. Optou pela vocação matrimonial e casou-se com Pietro Molla. Com simplicidade e equilíbrio, harmonizou os deveres de mãe, esposa, amiga e médica com a grande alegria de viver.
Na quarta gravidez, aos 39 anos, no final do segundo mês de gestação, apareceu um fibroma no útero. Ela tinha três opções: retirar o útero doente, o que ocasionaria a morte da criança; abortar o feto; ou a mais arriscada: submeter-se a uma cirurgia de risco e preservar a gravidez. Ela optou pela cirurgia e, antes de ser operada, sabendo do grave perigo de prosseguir com a gravidez, suplicou ao cirurgião: “Salvem a criança, pois tem o direito de viver e ser feliz!”. Temia que seu filho pudesse nascer doente e suplicou a Deus para que isso não acontecesse.
Alguns dias antes do parto, demonstrou estar pronta para sacrificar sua vida para salvar a do filho: “Se deveis decidir entre mim e o filho, nenhuma hesitação: escolhei – e isso o exijo – a criança. Salvai-a”. Nasceu sua filha Gianna Emanuela. Apenas a teve por breves instantes nos braços. Apesar de todo o esforço dos profissionais para salvar a vida de ambas, na manhã de 28 de abril de 1962, em meio a atrozes dores e após ter repetido a jaculatória “Jesus, eu te amo! Eu te amo”, Gianna Beretta morreu santamente.
Sejamos como Maria, como Gianna Beretta, “Mães de Fé”, que firmaram os pés em Deus!
*Marina Adamo é membro da comunidade Canção Nova e autora do recente lançamento "Deus fala com você” pela Editora Canção Nova.
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