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Opinião
Sexta - 08 de Julho de 2011 às 08:58
Por: Gabriel Novis Neves

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Estou acompanhando com interesse as obras da Copa 2014 em Cuiabá. São tantas as anunciadas, que seremos outra cidade após a Copa. A minha preocupação é a maneira como essas obras estão sendo planejadas.

A dois anos da Copa das Confederações, um dos projetos mais importantes estava na fila das licitações, quando foi substituído por outro, sem estudo técnico.

Uma rápida viagem de final da semana à cidade do Porto, em Portugal, e a decisão estava tomada. Confio em um milagre de Nossa Senhora, onde a delegação assistiu, no domingo, à Santa Missa.

Disse o presidente interino da Agecopa que, após a criação da Agência da Copa, todo o esforço foi no sentido de se escolher o melhor modelo de transporte coletivo para Cuiabá. A conclusão desses estudos recaiu no BRT.

Olhômetro e chutômetro foram os critérios para a mudança da escolha do BRT para o VLT. A comitiva, de quatro pessoas, deu ganho ao VLT.

Agora é aguardar a feitura do projeto VLT, sua aprovação e arranjar recursos para a execução.

Obra sem projeto não tem preço nem prazo. Dar preço para eventualidades é um risco.

Quantas vezes já foram alteradas o projeto da futura Arena Pantanal?

Pouco antes da implosão do Verdão, houve um concurso nacional e a firma vencedora do melhor projeto arquitetônico, vendido pela imprensa como o mais bonito do Brasil, foi licitado.

O consórcio vencedor colocou como abre alas uma conhecida construtora multinacional.

Assim que os engenheiros da única firma que tocará as obras começaram os trabalhos das fundações, detectaram a presença de um extenso lençol freático.

Os projetistas, devido ao curto prazo de tempo para a elaboração do mesmo, não estudaram o subsolo da região.

Se executassem o projeto oficial, o estádio iria desabar. Comunicaram, em sigilo, o fato às autoridades, e a ordem recebida foi de adequarem o projeto, técnica e financeiramente.

As primeiras estacas estão sendo erguidas, e dizem que a cobertura do estádio também será modificada.

Não foram licitados ainda: o gramado, as cadeiras, os camarotes, a iluminação, o som, a climatização, o placar eletrônico, os painéis para transmissão dos jogos, etc.

É bom lembrar que o orçamento e o planejamento das construções são realizados antes do início das obras.

Sem previsão de gastos, o preço e os prazos são bastante alterados, e a lei da responsabilidade fiscal criada para evitar o aumento do cemitério de esqueletos de obras públicas, nem lembrada.

Como para a Copa vale tudo, aquele preço que está na placa da obra já foi multiplicado por dois. E informes técnicos garantem que o futuro elefante branco custará ao contribuinte a módica quantia de um bilhão de reais.

Nossa grande esperança era o cofre do DNIT, que foi para outras mãos. Que coisa, hem? Logo agora!

Ainda bem que, sem planejamento, o nosso Estado está comprando 14 milhões de reais em armas na Rússia para proteger a nossa fronteira com a Bolívia.

Tudo isso acontecendo em um Estado atolado em greves. Problemas gravíssimos na educação, saúde, segurança.

Sem representatividade política em Brasília, confiança dos fornecedores de serviços e emagrecimento da popularidade dos nossos políticos, estamos semelhantes ao samba do crioulo doido.

Espero que por aqui ninguém vire trem, nem estação.

GABRIEL NOVIS NEVES é médico, ex-reitor da UFMT 
 



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