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Opinião
Domingo - 10 de Julho de 2011 às 23:13
Por: Lourembergue Alves

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Houve um tempo, não muito distante, em que as sessões dos plenários do Congresso Nacional não eram transmitidas ao vivo. Assim, muita coisa ficava de fora dos noticiários, enquanto outras tantas eram dadas pelos próprios parlamentares da região, ou gente de sua confiança que, sempre, supervalorizava os feitos dos políticos com quem trabalhavam. Isso até hoje acontece. Mesmo diante das parabólicas e da programação ao vivo. 
 
Em meio a tudo, as plantações de notícias continuam bastantes presentes. Afinal, a publicidade passou a ser importante no jogo político-eleitoral. Bem mais a partir da associação dos veículos de comunicação com a política, uma vez que esta carece daqueles para seduzir facilmente o eleitorado, o qual se vê levado ora para um lado, ora para outro do tabuleiro de xadrez. Pesa, aqui, além de arranjos outros, a competência do marketing do poder de sedução do político e da agremiação partidária. Embora políticos e siglas possam ficar em situação comprometedora. Como agora, aliás, se encontram o PR e a sua cúpula, em razão das denúncias envolvendo o DNIT e o Ministério dos Transportes. Afastamentos e pedidos de demissão abriram negociações com o Palácio do Planalto, que procura um nome para ministro. 
 
Não demorou, no entanto, para que uma série de notícias fosse veiculada. Quase sempre plantada. Estratégia bastante antiga. Utilizada, inclusive, durante o regime burocrático-militar. Não só neste, mas também em períodos anteriores, a exemplo de quando se tinham confrontos entre udenistas e peessedistas, ladeados por petebistas. Época em que os jornais se colocavam como porta-vozes das siglas existentes. Diferentemente do atual momento, em que os veículos se auto-intitulam independentes e apartidários – muito embora se possa visualizar um ou mais deles saindo a favor de alguém, sem ser, contudo, sensacionalistas ou imprensa marrom. A democracia no país deve, bastante, a imprensa. A mesma que os políticos se valem para propagar suas realizações, e até a utilizam para dizer que estão fazendo alguma coisa, quando na verdade nada realizam, a não ser levantarem emendas – como se esta fosse à única tarefa do parlamentar. 
 
Situação bastante próxima do que se tinha no pretérito. Época em que os políticos, longe das sessões via satélite, diziam que tinha contato permanente com o presidente da República e seus auxiliares diretos. Lorotas que lhes rendiam grandes dividendos eleitorais, e também quadros vexatórios. As histórias a respeito são longas. Algumas até tragicômicas. Uma delas, por exemplo, foi protagonizada por um secretário estadual, que resolveu tirar folga por conta própria, e, de retorno ao trabalho, para não ficar em “saia justa”, resolveu sair com a lengalenga de ter sido recebido por um ministro do governo Figueiredo, e chegou a posar em sua residência, lá pelas bandas do nordeste. Isso diante de câmeras e microfones. Acontece, no entanto, que o dito ministro – o mesmo que supostamente recebeu o secretário-turista - se encontrava exatamente na Capital mato-grossense. 
 
Encenações que continuam nos dias de hoje. É muito comum ver um parlamentar sair com conversa fiada, tão logo deixa o aeroporto, enquanto não se vê o dito cujo em plenário, nem na tribuna e, tampouco, projetos de sua autoria. E, mesmo assim, ainda o referido representante se dá ao luxo de opinar sobre tudo. Soma-se a este o fato de contar com a amizade de altas autoridades da nação. O que passa a imagem de um político atuante e cuidadoso. 
 
Percebe-se daí a relevância da publicidade no jogo político. Importância tanto em âmbito regional, como nacional – sempre com a ajuda preciosa dos blogs, sites, jornais e emissoras de TV e de rádio. 
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.   
 


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