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Opinião
Domingo - 17 de Julho de 2011 às 10:41
Por: Eduardo Gomes

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Umbelino Alves Campos, o Bilu, foi garimpeiro, trabalhou para uma família rica e comprou de diamantes antes de ser prefeito de Alto Paraguai – seu mandato terminou em dezembro de 2008.
Em 2007, Bilu me procurou em Cuiabá. Queria uma reportagem sobre sua cidade. Antes de ouvi-lo lhe disse precipitadamente que o fim do ciclo do diamante e o surgimento da minhocultura em Alto Paraguai eram assuntos batidos. Surpreso com minha reação o prefeito sorriu e com a mansidão dos velhos garimpeiros que esperam com paciência e hora de pegar a pedra sem jaça me contou algo revoltante.

No dia seguinte à nossa conversa amanheci no varandão de sua casa. Depois do quebra-torto conheci o sistema de distribuição de água da cidade, cuja rede com tubulação de amianto colocava e ainda coloca em risco a população por se tratar de material cancerígeno.

Bilu queria sensibilizar autoridades para a necessidade de substituir a rede de água para se ver livre do amianto. Essa meta virou algo abstrato porque Alto Paraguai estava inadimplente por herança administrativa de um prefeito que meteu os pés pelas mãos.

Na semana passada lembrei-me de Bilu, de Alto Paraguai e da tubulação de amianto. Essa recordação aconteceu em razão da criação de uma agência reguladora do abastecimento de água em Cuiabá e da autorização para que a prefeitura contrate concessionária para administrar o serviço de abastecimento de água e coleta de esgoto.

A criação da agência reguladora e a porta aberta à concessão foram aprovadas pela Câmara Municipal em regime de urgência – o manjado toque de caixa - sem que a população fosse ouvida, sem que o assunto fosse tratado com transparência.

Entendo que o método adotado pela Câmara de Cuiabá foi de extrema subalternidade ao prefeito Chico Galindo, que se tratou de mais uma manobra que macula o legislador e que faz a opinião pública perder a crença no regime democrático. Mesmo assim, prefiro a rasteira dada pelos vereadores nas regras democráticas do que a continuidade da inoperância da Sanecap, que é cabide de emprego e está atolada até a medula em escândalos – e dentre eles o do caso Pacenas de triste lembrança e que foi devidamente jogado na galeria do esquecimento.

O ato da Câmara de Cuiabá nada mais é que o reflexo de sua invisível imagem. A previsível transferência da Sanecap para a iniciativa privada é passo acertado, embora dado por quem não sabe caminhar. Tomara que mesmo por linhas travessas na sujeira política Alto Paraguai também encontre o caminho para a fonte de água limpa.

Eduardo Gomes é jornalista
eduardo@diariodecuiaba.com.br
 



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