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Opinião
Terça - 02 de Agosto de 2011 às 15:18
Por: Lourembergue Alves

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Interesses públicos devem ser sempre, discutidos. Princípio basilar. Ainda mais por quem se diz representantes da população. Não foi isso, no entanto, que aconteceu com a aprovação, pelos vereadores, do Projeto de Lei que cria a Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário. O que instigou os funcionários da Sanecap, sujeitos a perdas, que se somaram a outros segmentos – entre os quais estudantes - da comunidade cuiabana, e esse entrelaçamento redundou em manifestações dentro da Casa Legislativa local e à frente da prefeitura de Cuiabá. 

 Manifestações necessárias, uma vez que toda a tramitação do dito projeto se deu longe das vistas da população, e de regime “urgência urgentíssima”. Rapidez que, no fundo, pelo menos é o que se supõem, “esconde alguma coisa”. O esconder, aqui, leva a uma série de suspeitas. Inclusive a de que “já se tem” o empresário ou a empresa concessionária dos serviços de água e esgoto. Afirmação que é linguagem corrente nas ruas, botequins e praças. Embora faltem provas quanto a isso, os populares dificilmente deixarão de acreditar nela. Daí o desgaste do petebista-prefeito, cuja pretensão de ter a sua carteira de trabalho renovada em 2012 tornou-se algo muitíssimo distante. Distante porque ignorou a importância do diálogo com as pessoas. O mesmo erro que cometera o seu antecessor no instante da desativação do terminal da “Bispo D. José”. Desativação imprescindível, porém o erro da não-comunicação resultou em insatisfação do usuário e tumulto no trânsito pela Avenida do Prainha.
 Ausência de conversa que também teve a ajuda dos parlamentares cuiabanos daquela época. Situação idêntica com a que se vê agora, com o caso da possibilidade de “privatização ou concessão da Sanecap”. Os vereadores (sem qualquer exceção) irresponsavelmente se fizeram alheios a uma tarefa relevante, a saber: o de chamar o chefe do executivo para o diálogo. Afinal, quaisquer Casas Legislativas têm esta tarefa. Bem mais quando se percebe que a administração pública – independentemente de sua esfera - se distancia do conjunto dos cidadãos. Distanciamento, aliás, bastante nítido nos dias de hoje, uma vez que o prefeito se vê refugiado no próprio gabinete, enquanto a sociedade continua do lado de fora, tendo fechadas as portas do Palácio Alencastro. 

 Situação muitíssimo diferente de um período em que o referido Palácio encontrava-se aberto para o ingresso das representações dos bairros, dos mais variados segmentos da sociedade, sem que elas precisassem se apresentar, à portaria, o passaporte carimbado por um determinado vereador.
 Os anos 1985/86 e 1993/94 tornaram-se, então, passado. Um pretérito dissociado do presente. O que é uma pena! Não que por aqueles anos não existissem desacertos. Estes haviam, e muitos, porém sempre se tinha uma “ponte”, sobre a qual passariam prefeito e comunidades, sob o olhar vigilante e preocupado de um grupo de parlamentares. Coisa difícil de ter no momento, com a prefeitura e a Câmara se juntando em prol de um interesse comum. Daí a lambança, a qual se contraria aos desejos dos munícipes. É isso que se tem e se vê agora, infelizmente, com a história da “privatização ou concessão da Sanecap”. Pois faltou a discussão do projeto, tão necessária e exigência da vida em democrática.        

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
 


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