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A crise acabou. Viva a crise!
A crise entre o governador Silval Barbosa e o deputado José Riva, presidente da Assembleia Legislativa, já foi contornada. Embora nenhuma fonte oficial fale abertamente sobre o caso, nos bastidores todos já dão o assunto por encerrado. Um café da manhã nesta quarta entre Silval, Riva e Sergio Ricardo teria selado a paz definitiva. Até a próxima crise, claro.
Finda a crise, ficam suas lições. A primeira delas é que Executivo e Legislativo são poderes harmônicos, mas independentes. É o que preconiza a Constituição da República. Da forma como estava, parecia que eram a mesma coisa, o que impunha prejuízos mútuos – aos dois poderes – e especialmente à sociedade, já que a submissão de qualquer um dos três poderes (incluindo o Judiciário) desequilibra a relação institucional. O próprio Riva argumentou muito durante a crise que sua postura visava garantir a independência do Legislativo. Neste sentido, a crise foi positiva.
A segunda é de ordem estritamente política. Silval Barbosa conseguiu mais lucro que prejuízo de imagem com a crise. De certa forma, emitiu sinais à opinião pública de que impôs limites de transigência na relação com a Assembleia em geral e em particular com José Riva, seu aliado antigo. Algo do tipo “aos aliados tudo, menos a honra!”.
Levando-se em conta que havia uma pressão muito forte sobre a autoridade do governador, com a crise Silval conseguiu recuperar pelo menos parte da autoridade que vinha sendo questionada, já que “peitou” Riva, considerado o político mais forte de Mato Grosso atualmente e nos últimos dois governos.
Neste sentido, a crise foi mais positiva para Silva do que para Riva. Não que seja um jogo de perde-ganha ou soma zero - onde um ganha na exata proporção da perda do outro. Mas, no caso em tela, Riva não prevaleceu como era costumeiro, embora tenha sabido até onde esticar a corda para não ter que ser confrontado por seus próprios pares. Soube a hora de recuar e consegue sair do imbróglio sem maiores perdas, preservando grande parte do seu poder.
Um dos aspectos mais relevantes revelados pela crise foi que a Assembleia já não seria mais hegemonizada por José Riva – nem mesmo em aliança com Sergio Ricardo. Quando o líder do Governo, Romoaldo Junior, afirmou que embora trabalhasse para conter a crise, já contabilizava deputados suficientes para manter a maioria governista, dizia, na verdade, que o governo conseguiu criar maioria independente do poder da mesa diretora. Isso não acontecia por lá desde o governo Jayme Campos. Foi uma grande novidade, sem dúvida.
Isso talvez explique o fato de José Riva reiteradamente anunciar que não deseja mais disputar para deputado estadual, que vai concorrer a um cargo majoritário nas próximas eleições ou se aposentar. De certa forma, o modelo de liderança que ele exerce na Assembleia há praticamente 16 anos está se exaurindo. Assunto que exige mais análises, por certo.
Silval, todavia, ainda ficou devendo um gesto semelhante para dentro do seu próprio Governo. Tem que peitar os secretários que desafiam sua autoridade permanentemente, impondo-lhes limites ou mesmo sacando-os do governo. Isto inclui a Agecopa - que embora não pareça, faz parte do governo.
Quando fizer isso a recuperação da autoridade se completará. Enquanto houver na opinião pública a sensação de que algum secretário se mantém forte porque tem uma faca no pescoço do governador, a autoridade não estará plenamente restaurada. Vale nesse caso o mesmo que valeu para Riva: “Aos aliados, tudo, menos a honra!”, como disse o ex-ministro da Agricultura, Wagner Rossi, na carta em que pediu demissão à presidente Dilma. Neste sentido, que venha uma nova crise!
(*) KLEBER LIMA é jornalista, consultor de marketing e diretor do site HiperNoticias. E-mail: kleber@hipernoticias.com.br. Twitter: @kkleberlima
Finda a crise, ficam suas lições. A primeira delas é que Executivo e Legislativo são poderes harmônicos, mas independentes. É o que preconiza a Constituição da República. Da forma como estava, parecia que eram a mesma coisa, o que impunha prejuízos mútuos – aos dois poderes – e especialmente à sociedade, já que a submissão de qualquer um dos três poderes (incluindo o Judiciário) desequilibra a relação institucional. O próprio Riva argumentou muito durante a crise que sua postura visava garantir a independência do Legislativo. Neste sentido, a crise foi positiva.
A segunda é de ordem estritamente política. Silval Barbosa conseguiu mais lucro que prejuízo de imagem com a crise. De certa forma, emitiu sinais à opinião pública de que impôs limites de transigência na relação com a Assembleia em geral e em particular com José Riva, seu aliado antigo. Algo do tipo “aos aliados tudo, menos a honra!”.
Levando-se em conta que havia uma pressão muito forte sobre a autoridade do governador, com a crise Silval conseguiu recuperar pelo menos parte da autoridade que vinha sendo questionada, já que “peitou” Riva, considerado o político mais forte de Mato Grosso atualmente e nos últimos dois governos.
Neste sentido, a crise foi mais positiva para Silva do que para Riva. Não que seja um jogo de perde-ganha ou soma zero - onde um ganha na exata proporção da perda do outro. Mas, no caso em tela, Riva não prevaleceu como era costumeiro, embora tenha sabido até onde esticar a corda para não ter que ser confrontado por seus próprios pares. Soube a hora de recuar e consegue sair do imbróglio sem maiores perdas, preservando grande parte do seu poder.
Um dos aspectos mais relevantes revelados pela crise foi que a Assembleia já não seria mais hegemonizada por José Riva – nem mesmo em aliança com Sergio Ricardo. Quando o líder do Governo, Romoaldo Junior, afirmou que embora trabalhasse para conter a crise, já contabilizava deputados suficientes para manter a maioria governista, dizia, na verdade, que o governo conseguiu criar maioria independente do poder da mesa diretora. Isso não acontecia por lá desde o governo Jayme Campos. Foi uma grande novidade, sem dúvida.
Isso talvez explique o fato de José Riva reiteradamente anunciar que não deseja mais disputar para deputado estadual, que vai concorrer a um cargo majoritário nas próximas eleições ou se aposentar. De certa forma, o modelo de liderança que ele exerce na Assembleia há praticamente 16 anos está se exaurindo. Assunto que exige mais análises, por certo.
Silval, todavia, ainda ficou devendo um gesto semelhante para dentro do seu próprio Governo. Tem que peitar os secretários que desafiam sua autoridade permanentemente, impondo-lhes limites ou mesmo sacando-os do governo. Isto inclui a Agecopa - que embora não pareça, faz parte do governo.
Quando fizer isso a recuperação da autoridade se completará. Enquanto houver na opinião pública a sensação de que algum secretário se mantém forte porque tem uma faca no pescoço do governador, a autoridade não estará plenamente restaurada. Vale nesse caso o mesmo que valeu para Riva: “Aos aliados, tudo, menos a honra!”, como disse o ex-ministro da Agricultura, Wagner Rossi, na carta em que pediu demissão à presidente Dilma. Neste sentido, que venha uma nova crise!
(*) KLEBER LIMA é jornalista, consultor de marketing e diretor do site HiperNoticias. E-mail: kleber@hipernoticias.com.br. Twitter: @kkleberlima
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