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Oh! Sodalício.
São 90 anos. Idade de quem já passou da fase inicial, bem como da intermediária, e se encontra agora em um período revelador. Ainda que haja os sobressaltos provocados pela ausência de apoios governamentais, os quais se possam contar regularmente, e não de forma esporádica, quando se carece de realizar reformas no prédio. Pois a instituição quase centenária é mais que um conjunto de paredes, telhas e madeiras. Há bem mais que isso a partir do seu umbral.
E não se está a falar em móveis. Mas em história e memórias. Aliás, e não é de se estranhar, até seus objetos têm vida. Vidas que se entrelaçam com outras, e nessa misturança pode-se visualizar a estampa do povo e do lugar.
Imagem registrada de vários modos e ângulos. Mesmo que não seja via câmera fotográfica.
Até porque também se pode, por meio da literatura, perpetuar, ou veicular sentimento, comportamento e cultura. Ondas, igualmente, próprias dos literatos, os quais – independentemente do tipo da prancha – deslizam e atravessam décadas, inclusive séculos, deixando à mostra um Estado todo particular, ainda que seus habitantes apresentem traços variados e origens diferenciadas.
Não foi outro senão esse o trabalho dos acadêmicos – de hoje, de ontem e o de amanhã. São escritos que perdem de vistas. Sem falar nos muitos que virão. Afinal, a Academia – a única que se pode chamar como tal, desde os tempos idos – está a todo instante a cobrar de seus associados, a realização da dita tarefa. Tarefa que se confunde, e não para menos, com o próprio viver do Silogeu. Ele que se encontra na condição de inquilino do mais velho dos casarões, cravados no coração da antiga Rua do Campo, e onde por bastante tempo residiu o Barão de Melgaço.
A Academia Mato-grossense de Letras já foi criticada por não ter tido suas cadeiras ocupadas por alguns dos aclamados escritores da literatura regional, entre os quais prosadores e poetizas. Nenhum crítico, contudo, pode ignorar ou, tampouco, deixar de enxergar os belos textos dos que tiveram, e têm o privilégio de inscrever seus nomes nos assentos do referido Sodalício. Afinal, herdaram e fazem jus ao papel de “cultores da beleza”, conforme defendeu D. Aquino Corrêa. “Belo” que, por mais que se questione ou o associe ao movimento literário denominado “Modernismo”, não há de se duvidar do talento do primeiro dos dois escritores da terra a pertencerem a Academia Brasileira de Letras. Ao lado de D. Aquino, no Sodalício estadual, encontram-se autores primorosos como Rubens de Mendonça, Ronaldo de Arruda Castro, Lenine Póvoas, Jari Gomes, José Barnabé de Mesquita, Luís Philipe Pereira Leite e Roberto Campos – para citar alguns, dos que não estão mais por aqui. Embora, a todo instante, se podem ouvir suas vozes no interior do velho casarão, desde que o visitante se deixe levar pelos escritos cuidadosamente guardados nas prateleiras.
Trata-se de uma bela viagem. Interrompida, vez ou outra, por uma discussão sobre “poltrona” e “cadeira”; enquanto, lá em um canto, Dunga Rodrigues saia com um de seus causos, envolvendo personalidades de família tradicional, no instante em que Carmindo de Campos tenta declamar uma de suas poesias, sob o olhar distante do autor de “Pedra Furada”, em meio a “Súplica”, a oratória de um Silva Freire e a história de Virgílio Corrêa.
De todo modo, escritores das mais diversas ocupações profissionais passam e passaram pelo sodalício mato-grossense, como “estudiosos do belo”, e empenhados a trazer, sempre, temas que dizem respeito ao cotidiano da gente e de Mato Grosso.
Por isso, e por tudo o que ficou de fora deste texto, que esta coluna saúda a Academia Mato-grossense de Letras. Festa de gala. Afinal, amanhã, dia 7, comemoram-se 90 anos de história e de muita produção. Parabéns!!!
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
E não se está a falar em móveis. Mas em história e memórias. Aliás, e não é de se estranhar, até seus objetos têm vida. Vidas que se entrelaçam com outras, e nessa misturança pode-se visualizar a estampa do povo e do lugar.
Imagem registrada de vários modos e ângulos. Mesmo que não seja via câmera fotográfica.
Até porque também se pode, por meio da literatura, perpetuar, ou veicular sentimento, comportamento e cultura. Ondas, igualmente, próprias dos literatos, os quais – independentemente do tipo da prancha – deslizam e atravessam décadas, inclusive séculos, deixando à mostra um Estado todo particular, ainda que seus habitantes apresentem traços variados e origens diferenciadas.
Não foi outro senão esse o trabalho dos acadêmicos – de hoje, de ontem e o de amanhã. São escritos que perdem de vistas. Sem falar nos muitos que virão. Afinal, a Academia – a única que se pode chamar como tal, desde os tempos idos – está a todo instante a cobrar de seus associados, a realização da dita tarefa. Tarefa que se confunde, e não para menos, com o próprio viver do Silogeu. Ele que se encontra na condição de inquilino do mais velho dos casarões, cravados no coração da antiga Rua do Campo, e onde por bastante tempo residiu o Barão de Melgaço.
A Academia Mato-grossense de Letras já foi criticada por não ter tido suas cadeiras ocupadas por alguns dos aclamados escritores da literatura regional, entre os quais prosadores e poetizas. Nenhum crítico, contudo, pode ignorar ou, tampouco, deixar de enxergar os belos textos dos que tiveram, e têm o privilégio de inscrever seus nomes nos assentos do referido Sodalício. Afinal, herdaram e fazem jus ao papel de “cultores da beleza”, conforme defendeu D. Aquino Corrêa. “Belo” que, por mais que se questione ou o associe ao movimento literário denominado “Modernismo”, não há de se duvidar do talento do primeiro dos dois escritores da terra a pertencerem a Academia Brasileira de Letras. Ao lado de D. Aquino, no Sodalício estadual, encontram-se autores primorosos como Rubens de Mendonça, Ronaldo de Arruda Castro, Lenine Póvoas, Jari Gomes, José Barnabé de Mesquita, Luís Philipe Pereira Leite e Roberto Campos – para citar alguns, dos que não estão mais por aqui. Embora, a todo instante, se podem ouvir suas vozes no interior do velho casarão, desde que o visitante se deixe levar pelos escritos cuidadosamente guardados nas prateleiras.
Trata-se de uma bela viagem. Interrompida, vez ou outra, por uma discussão sobre “poltrona” e “cadeira”; enquanto, lá em um canto, Dunga Rodrigues saia com um de seus causos, envolvendo personalidades de família tradicional, no instante em que Carmindo de Campos tenta declamar uma de suas poesias, sob o olhar distante do autor de “Pedra Furada”, em meio a “Súplica”, a oratória de um Silva Freire e a história de Virgílio Corrêa.
De todo modo, escritores das mais diversas ocupações profissionais passam e passaram pelo sodalício mato-grossense, como “estudiosos do belo”, e empenhados a trazer, sempre, temas que dizem respeito ao cotidiano da gente e de Mato Grosso.
Por isso, e por tudo o que ficou de fora deste texto, que esta coluna saúda a Academia Mato-grossense de Letras. Festa de gala. Afinal, amanhã, dia 7, comemoram-se 90 anos de história e de muita produção. Parabéns!!!
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
URL Fonte: https://arenapolisnews.com.br/artigo/406/visualizar/
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