Arenápolis News - arenapolisnews.com.br
Opinião
Sexta - 30 de Setembro de 2011 às 15:13
Por: José Luiz Gomes do Amaral

    Imprimir


Saúde na Organização das Nações Unidas: foram dois dias em que chefes de Estado alternaram-se ininterruptamente na tribuna do fórum de maior relevância do planeta.

Já era mais que tempo de presidentes, príncipes, ministros e representantes de diversas organizações da maior relevância reunirem-se novamente para tratar da saúde.

Só em 2008, 36 milhões de pessoas morreram em consequência de doenças crônicas não transmissíveis (DNCT) e 80% destas mortes ocorreram em países não desenvolvidos ou em desenvolvimento. As DNCT, principalmente doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e doenças respiratórias crônicas, podem ser consideradas uma epidemia global. Há certamente variações regionais na prevalência destes problemas, porém, mesmo nos países mais pobres, as DCNT em breve ultrapassarão a mortalidade hoje determinada pelas moléstias transmissíveis somadas à mortalidade materna e perinatal e a associada à desnutrição. Acrescenta-se a esse quadro, particularmente entre nós, a relevância cada vez maior que assumem a violência e os transtornos mentais.

Toma-se enfim consciência de que é preciso FAZER.
 
O Brasil deixou no encontro a sua mensagem.

Tive o privilégio de, representando os médicos, compor a delegação brasileira e acompanhar as intervenções. Foram apresentadas, na tribuna principal e nas várias sessões paralelas, propostas e metas que compõem o Plano de ações estratégicas para o enfrentamento de doenças crônicas não transmissíveis no Brasil. Para saber mais acesse: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/ratificacao_declaracao_2011.pdf

Temos muito o que FAZER.

O plano de ações estratégicas é previsto para desenvolver-se em 10 anos. Nesse período, a sociedade tem de mobilizar-se em torno da consecução de seus objetivos. Os médicos brasileiros têm papel fundamental a cumprir, alinham-se nesta batalha e não pouparão esforços nesse sentido.

Os quatro principais fatores de risco para as DCNT, alimentação inadequada (excesso de sal e açúcar), sedentarismo, tabagismo e ingestão exagerada de álcool, têm de ser energicamente combatidos.

Nessa luta, a Associação Médica Brasileira (AMB) vem desenvolvendo ações em várias frentes, por meio da Comissão de Combate ao Tabagismo, coordenada por Pedro Mirra; Comissão de Combate ao Alcoolismo e Drogas, sob coordenação de Ronaldo Laranjeiras; e Comissão de Obesidade, a cargo de Rogério Toledo.

Fomos dos primeiros, AMB e Associação Paulista de Medicina (APM), a nos alistar no bem-sucedido programa de promoção da atividade física Agita, que começou com Vitor e Sandra Matsudo, em São Caetano do Sul (SP). Foi acolhido por José Guedes, secretário estadual de Saúde de São Paulo, difundiu-se para o Estado como Agita São Paulo e para o restante do país como Agita Brasil. Tornou-se Move for Health no mundo e foi declarado por Margareth Chan, secretária da Organização Mundial de Saúde, como programa prioritário em 2002.

A AMB já tem em atividade a Comissão de Enfrentamento das DCNT, que congrega: Sociedade Brasileira de Cardiologia, Academia Brasileira de Neurologia, Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Sociedade Brasileira de Cancerologia e Sociedade Brasileira de Pneumologia. Estas especialidades já apresentaram o plano de atividades a serem desenvolvidas.

Mauro Ribeiro, presidente da Associação Brasileira de Medina de Tráfego, foi convidado para assumir a Comissão de Acidentes de Trânsito, que tem entre as prioridades contribuir para a redução de acidentes associados a motocicletas.

Em consonância com a posição expressa por Wonchat Subhachaturas, presidente da Associação Médica Mundial (WMA), em nome da Aliança Mundial de Profissionais de Saúde (WHPA) - que reúne ao lado da WMA o Conselho Internacional de Enfermeiros (ICN), Federação Mundial dos Dentistas (FDI), Federação Internacional dos Farmacêuticos (FIP) e Confederação Mundial dos Fisioterapeutas (WCPT) -, a AMB reconhece o papel estratégico das DCNT, sem deixar de considerar a integralidade da atenção à saúde no contexto da realidade das diferentes populações.

Ao entender, sobretudo, que a gravidade dos problemas de saúde tem expressão condicionada a fatores sociais, a AMB não poderia deixar de priorizar a participação dos médicos brasileiros no Congresso Mundial de Determinantes Sociais de Saúde, que será realizado pela OMS e organizado pelo governo brasileiro, no Rio de Janeiro (RJ), entre 19 a 21 de outubro.

Teremos mais uma extraordinária oportunidade de enfrentar o imenso desafio que é vencer as profundas desigualdades que afastam tantos milhões de pessoas da perspectiva de viver com saúde.

É preciso FAZER. Tem-se muito a ser feito e o faremos.

Todos. Juntos.

José Luiz Gomes do Amaral
 



Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://arenapolisnews.com.br/artigo/385/visualizar/