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Opinião
Quarta - 05 de Outubro de 2011 às 17:03
Por: Wilson Carlos Fuá

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Em Cuiabá  na década de 60, o povo vivia de acordo com a simplicidade da  cidade, as pessoas conheciam umas as outras,  era a época das conversas nas calçadas na “boca da noite”, tomando a “fresca”, para poder dormir, esperando que o mês de agosto tivesse o seu fim, juntamente com a expectativa do período chuvoso. Naqueles anos não havia ventilador ou aparelho de ar condicionado, e a maioria das ruas dos bairros não eram asfaltadas, as primeiras chuvas do ano, final de agosto e início de setembro (chuva do caju), eram recebidas com muita alegria e comemorações, pois além da melhoria do frescor do ar, traziam as enxurradas que abriam valas nas ruas sem pavimentação, essas enxurradas abriam o solo e faziam brotar as pepitas de ouro.  Ali na Av. Coronel Escolástico, no trecho: da Cruz do Areão, onde está a Igreja de São Judas Tadeu até a Cruz do Rosário, onde foi construída a Igreja do Rosário, e também  na antiga Rua do Coxim, da ladeira da casa do Sr.Cajabi entre a Rua Marechal Deodoro da Fonseca até a Rua Comandante Costa, afloravam muitos Ouros. E em cada beco, de cada travessa e ruas, apareciam os garotos cuiabanos, e com suas Penas de Galinha e seus Vidrinhos, com as mãos para trás, e com os olhos vivos no brilho do ouro, andando quase agachado, catavam suas gramas de pedrinhas de ouro, que chegavam ser para eles um pequeno tesouro e com os vidros cheios de pepitinhas corriam ao joalheiro  Miraglia ou Sr. Nhozinho, para vendê-las, e  em seguida  seriam transformadas em mais uma jóia preciosa.    

           Depois, era só festa e felicidade, com o dinheiro do ouro, os pequeninos Garimpeiros Urbanos saiam por ai feliz da vida, estava garantido o ingresso para o mês todo no Cine Teatro Cuiabá, para assistir, os filmes: Tarzan; Zorro; Durango Kid;  Sansão e Dalila, Dólar Furado, Ben Hur, e ainda sobrava alguns trocados para saborear: o Bolo de Arroz, o Sonho,  o Puxa-Puxa, o Biscoitos de Queijos, a Cocada, o Pastel, da Dona Nuta. Sem deixar de lembrar as Coxinhas, (que em sua originalidade tinha um ossinho de Galinha “fincado” na sua ponta) as mais gostosas eram comprada do Sr. Tuiu.  E o refrigerante da época era a Garapa de Cana Caiana usada na forma de “desengasga gato”, vendida nas esquinas de Cuiabá.

          Cuiabá tem o seu solo aurífero, e foi por isso que atraiu os Bandeirantes de São Paulo, em busca do ouro. Muitos deixaram suas raízes em troca do eldorado do centro da América do Sul, muitos dos nossos ancestrais são originários de Sorocaba, e a eles ficou simbolizado através de um marco histórico, e que durante a comemoração dos 250 anos da fundação de Cuiabá, edificou-se uma estátua para homenageá-los: ao Índio, ao Garimpeiro e ao Bandeirante, e ao passar pela Av. Coronel Escolástico com certeza você verá esse monumento majestoso e marcante.
 Mas porque Pichisbeque?

     O termo Pichisbeque, era usado para qualificar aquelas jóias que não eram de ouro. Ouro falso, e que na verdade eram feitas de liga de cobre e zinco, que imitava o ouro.  Pichisbeque, que tem o nome derivado do inventor  inglês Pinchbech.

Muitos já ouviram esta frase:  nem tudo que reluz é ouro, mas para os cuiabanos o que não é ouro é pichisbeque.

     A partir de então, esse termo passou a ser usado para desqualificar as pessoas e políticos de falsas qualidades. Esse político é um Pichisbeque, esse Partido é Pichisbeque.

     Na década de 60 existiam três partidos fortes em Cuiabá:  UDN, PTB e PSD, quem filiava e era abnegado de um partido jamais trocava de agremiação. Eram como no futebol, que é Vasco jamais um dia vai ser Flamengo, quem era UDN jamais filiaria no PSD. Época em que os partidos eram fortes e eternos nos corações dos eleitores. 

     Hoje, após as eleições, as pessoas esquecem em quem votou, e  passam a não assumir o erro de ter votado em pessoas que não conhecem, pessoas que saíram do nada e acumularam fortunas sem origem e o pior,  esquecem que o ano eleitoral tem duração de 04 anos, quatro duros anos,   e terão que buscar uma nova  forma de encarar a vida. Alguns pessoas passam pela vida lamentando e tentando fazer com que outros pensem de igual forma.  Com um pouco de raciocínio lógico, podemos  saber o decifrar o que é um Político ou um   Partido Pichisbeque, você por um acaso sabe quantos partidos existem no país? 

   Aproximadamente 29 partidos até o PSD.

E ainda estão recriando e criando novas Siglas, para que?

    Banalizaram os Partidos, que antes era a maior instituição democrática, apesar de ainda continuar sendo um grupo organizado de acordo com a lei, com pessoas que compartilham um mesmo ideal político, mas hoje o ideal coletivo virou o ideal de espaço político individualizado, mudam-se  os idéias da noite para o dia. 

         Uma das maiores honrarias que um cidadão possa receber é o voto, ou seja, um eleitor que acreditou no discurso do candidato, confiou nele, e em seguida é traído.  Esquecem-se que o Mandato é do eleitor e esquecem-se que esse mandato foi recebido baseado nos princípios estatutários do partido, o candidato  recebeu apenas uma honrosa procuração. Quer mudar de partido, vá, mas antes, renuncie o mandato, seja honesto, seja ético e coerente com você mesmo, mas acima de tudo com o partido e com o eleitor. 

          Ano que vem tem novas eleições, e será um pleito importantíssimo, estaremos elegendo os Vereadores e o Prefeito da Copa do Mundo em 2014, muito cuidado com os Candidatos Pichisbeques, eles farão de tudo pra te convencer. Temos que eleger pessoas que não tenham nódoas em seu nome, pessoas que entendam sobre desenvolvimento econômico e humano; sobre os avanços tecnológicos e geração de empregos, planejamento sobre coleta de lixo e preservação do Rio Cuiabá, desenvolvimento turístico e  cultuarão  histórica, mas acima de tudo, terá que entender a natureza do povo cuiabano, terá que saber  pelo menos a história bonita desta cidade, e saber  ouvir cada mensagem que vem nas entrelinhas desse sotaque gotoso e único, saber participar desse jeito gozador, festivo e simpático do povo cuiabano. O importante é que  o  candidato  absolva  o calor humano e essa sensação de felicidade que existe nesta terra, ou pelo menos possua  uma ou mais dessas bênçãos de Deus, pois para nós que nascemos aqui,  já às temos ao nosso alcance todos os dias.  

       O que não podemos é culpar Deus nem aos outros pelos nossos infortúnios ou desprazer de escolher candidatos Pichisbeques com título de cidadão cuiabano, trocadores de ideais e trocadores de partidos. Eles existem e estão em todos os cantos, mas se olharmos e quisermos angariar os  motivos e oportunidades para retirá-los do mundo que nos cerca, devemos aproximar dos talentos das pessoas boas e humanas que Deus coloca ao nosso redor e pois em nossas vidas existem motivos infinitos, para sabermos escolher com sabedoria aqueles candidatos éticos e que tem amor por esta cidade. 

        Cuidado com o lero-lero, pois  essa escolha será muito importantíssima para Cuiabá, depois não adianta reclamar. É  como estarmos com sede e morrermos sem água chorando e lamentando à margem do Coxipó Açu,  com água pura e límpida.  Ao desenvolvermos a nossa visão periférica, veremos que  nem os animais fazem uma coisa tão estúpida; eles vivem com tudo o que Deus lhes dá e isso em sua  plenitude, sem nada destruir; sem poluir; sem colocar agrotóxico na sua própria alimentação ou corromper.
        
             Penso que temos formas simples de melhorar a vida da nossa cidade, não votar em candidatos Pichisbeques, porque senão os iguais se misturam.        Algumas pessoas passam pela vida lamentando e tentando fazer com que outros pensem de igual forma. A existência é uma experiência única e existem incontáveis formas de manifestação de amor e apreço divino pelo ser humano, uma delas é saber votar.
            
Economista Wilson Carlos Fuá –  É  Especialista em Administração Financeira,    Recursos Humanos.



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