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Opinião
Segunda - 28 de Outubro de 2013 às 01:28
Por: PEDRO NADAF

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 "Dos pequenos, o menor. Entre os grandes, nosso futuro". Hoje mais do que nunca estou refletindo em relação a esta frase que meu pai deixou eternizada na publicação "Memória Resgatada" - Trabalho, Trabalho, Trabalho que fala dos anos em que esteve à frente da presidência da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Mato Grosso.
 
É difícil escrever meu artigo da semana neste momento, já que é imensurável a dor da perda. Só o farei, entretanto, porque não posso me furtar à oportunidade de um registro, permitido pela emoção, sobre Jamil Boutros Nadaf, meu pai. Ele foi um homem que dentro da sua simples simplicidade, escreveu sua história, consciente de que se doava na medida em que dividia seu tempo de empresário com a de líder empresarial.
 
Meu pai tinha um interior que transbordava, seu coração era leal, e nunca ostentou orgulho exacerbado pelo poder. Tanto é que nunca capitalizou para si, somente, o resultado dos seus feitos. Viveu num mundo em constante construção e soube com muita paciência colocar muitos tijolos em edificações, concretas e de sentimentos, que a sociedade mato-grossense passou a admirar. Afinal, todas foram do tamanho da sua esperança e sonhos, que consumaram-se em herança, uma realidade através dos bons exemplos deixados.
 
Agradeço muito ao meu pai, não só pelos presentes que mais desejei e que recebi quando menino, não só por me ensinar a detectar em meu íntimo quando a vida é bela ou dolorida, e o quanto temos que ser fortes, sem perder a capacidade de demonstrar amorosidade. Devo a ele, principalmente, a educação, as experiências e os sábios conselhos que ajudaram na formação do meu caráter. 
 
Destaco presentes especiais na minha fase adulta, que veio como algo divino e sagrado, que é o legado da liderança, do espírito empreendedor, e da responsabilidade com o bem público. É claro que os filhos crescem adotando para si os novos conceitos e forma de viver. Buscam novas fontes de água limpa para saciarem sua sede, por outro lado, uma coisa é certa, os referenciais de um pai que é exemplo, que ensina realmente o filho a viver, que lhe mune de armas certas para lutar pelos ideais, estes nunca se perdem na linha do tempo.
 
Sei que não podemos voltar no tempo, mas nossa mente é poderosa e guarda belas recordações, registra momentos que permitem uma espécie de viagem ao passado. E neste dia, é claro, que recordo o menino, ainda inseguro, que sempre tinha uma mão estendia... e o passo-a-passo do menino no caminho que se vislumbrava para o futuro, no qual virar adulto não foi uma mera consequência. 
 
É óbvio que nem sempre o homem adulto, cheio de compromissos, consegue ter seus passos sempre lado a lado com o do seu pai. Não fui uma exceção nesta regra, mas buscava nas minhas horas de folga estar com meu amigo de muitas jornadas, momentos sempre de compartilhamento.
 
No último sábado que passamos juntos, um dia antes que ele partisse para um plano superior de luz, sem praticamente tempo para o adeus, almoçamos juntos. Aliás, passamos a tarde toda conversando e foi muito bom ouvi-lo e falar sobre coisas do cotidiano. Tranco no meu coração estes últimos momentos não deixando nada se perder. 
 
O Governo de Mato Grosso decretou três dias de luto oficial pelo falecimento do meu pai, e eu decreto luto permanente dentro dos meus mais sublimes sentimentos e sonho um dia poder reencontrá-lo.
 
PEDRO NADAF é secretário de Estado de Indústria, Comércio, Minas e Energia e presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/ Senac-MT.


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