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Nada Sobre a Denúncia de Fraude
Na sessão de terça-feira (29/11), dois ou três deputados estaduais levaram para a tribuna a denúncia de fraude na mudança da matriz de responsabilidade do modal de transporte previsto para Cuiabá, de BRT para VLT. Uma sensação de satisfação tomou conta de quem se encontrava pela galeria. Sensação, porém, logo desaparecida. Pois não se viu discussão, nem cobrança de coisa alguma. As falações foram para outra direção. Bastante diferente da que de fato deveria ser, e o que se ouviu foi à repetição de chavões: “ação orquestrada”, “notícia sensacionalista” e “lobby dos defensores do BRT”.
O referido ambiente se contagiou pela cantilena de uma nota só. O script foi bem decorado.
Tanto que ninguém saiu do tom. Talvez embebecidos pelo aumento da emenda parlamentar, recentemente cedida pelo governo. A ponto, por exemplo, de cada parlamentar-falante sempre realçar o aspecto moderno e as qualidades do VLT. Lembrete, contudo, desnecessário, uma vez que ninguém questionou isso. Tampouco tal questionamento foi feito pela mídia nacional. Nem deveria fazê-lo, pois grande parte da população cuiabana e várzea-grandense jamais escolheria o BRT. Até pela onda ou oba-oba em favor do VLT – patrocinado pelo lobby da indústria ferroviária.
A discussão que deveria acontecer na Assembléia Legislativa era isto sim, em torno da denúncia de fraude na troca do modal. Debate, contudo, ignorado. Ignorado com claras intenções. Isso porque se fizeram de míopes diante da existência de duas notas técnicas de mesmo número e de igual número de páginas, assim como também se passaram por surdos diante das palavras do analista técnico do Ministério das Cidades.
Evidências, ao contrário de serem verificadas e analisadas, foram esquecidas nas manchetes dos jornais, dos blogs e dos noticiários radiofônicos e televisivos. Esquecimento proposital. Pois o que eles tinham em mente era ludibriarem a opinião pública. Daí a frase de efeito: “ação orquestrada contra o Estado para que a Capital perca o direito de sediar jogos do Mundial de 2014”. Frase que se junta a uma segunda: “a imprensa nacional quer fazer com que Cuiabá fique pensando no atraso”.
Frases que soam como acusações. Acusações, porém, descabidas. Desacompanhadas de qualquer racionalidade ou razoabilidade. Afinal, o que a mídia nacional ganharia ao torcer que a Capital mato-grossense pense ou fique presa no atraso? Nada, diria qualquer pessoa de bom senso. Até porque a mídia nacional sobrevive graças aos seus leitores e dos produtos que ela própria “vende” – ou da publicidade.
Nesse sentido, os parlamentares estaduais fizeram das palavras trapézio, onde pudessem continuar de bem com o governo regional. Novamente se tem as figuras de “caititus” – no dizer de um deles – que fazem o malabarismo necessário para valer-se da emenda parlamentar permitida, com a qual possam contemplar determinados municípios, e, assim, prepararem o terreno para as próximas disputas eleitorais.
De todo modo, porém, saíram do foco. Isso é ruim. Inclusive para os nobres representantes que, ao agirem desse modo, desqualificam a si mesmos para a atividade para qual foram eleitos e empossados, além de desrespeitarem o conjunto da sociedade, bem como a tarefa primeira do Parlamento, que é a de fiscalizar as ações do Executivo. Analisar e investigar a denúncia em questão aparece incluso nesta tarefa, a qual em nenhum momento deve ser encarada como caça às bruxas.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
O referido ambiente se contagiou pela cantilena de uma nota só. O script foi bem decorado.
Tanto que ninguém saiu do tom. Talvez embebecidos pelo aumento da emenda parlamentar, recentemente cedida pelo governo. A ponto, por exemplo, de cada parlamentar-falante sempre realçar o aspecto moderno e as qualidades do VLT. Lembrete, contudo, desnecessário, uma vez que ninguém questionou isso. Tampouco tal questionamento foi feito pela mídia nacional. Nem deveria fazê-lo, pois grande parte da população cuiabana e várzea-grandense jamais escolheria o BRT. Até pela onda ou oba-oba em favor do VLT – patrocinado pelo lobby da indústria ferroviária.
A discussão que deveria acontecer na Assembléia Legislativa era isto sim, em torno da denúncia de fraude na troca do modal. Debate, contudo, ignorado. Ignorado com claras intenções. Isso porque se fizeram de míopes diante da existência de duas notas técnicas de mesmo número e de igual número de páginas, assim como também se passaram por surdos diante das palavras do analista técnico do Ministério das Cidades.
Evidências, ao contrário de serem verificadas e analisadas, foram esquecidas nas manchetes dos jornais, dos blogs e dos noticiários radiofônicos e televisivos. Esquecimento proposital. Pois o que eles tinham em mente era ludibriarem a opinião pública. Daí a frase de efeito: “ação orquestrada contra o Estado para que a Capital perca o direito de sediar jogos do Mundial de 2014”. Frase que se junta a uma segunda: “a imprensa nacional quer fazer com que Cuiabá fique pensando no atraso”.
Frases que soam como acusações. Acusações, porém, descabidas. Desacompanhadas de qualquer racionalidade ou razoabilidade. Afinal, o que a mídia nacional ganharia ao torcer que a Capital mato-grossense pense ou fique presa no atraso? Nada, diria qualquer pessoa de bom senso. Até porque a mídia nacional sobrevive graças aos seus leitores e dos produtos que ela própria “vende” – ou da publicidade.
Nesse sentido, os parlamentares estaduais fizeram das palavras trapézio, onde pudessem continuar de bem com o governo regional. Novamente se tem as figuras de “caititus” – no dizer de um deles – que fazem o malabarismo necessário para valer-se da emenda parlamentar permitida, com a qual possam contemplar determinados municípios, e, assim, prepararem o terreno para as próximas disputas eleitorais.
De todo modo, porém, saíram do foco. Isso é ruim. Inclusive para os nobres representantes que, ao agirem desse modo, desqualificam a si mesmos para a atividade para qual foram eleitos e empossados, além de desrespeitarem o conjunto da sociedade, bem como a tarefa primeira do Parlamento, que é a de fiscalizar as ações do Executivo. Analisar e investigar a denúncia em questão aparece incluso nesta tarefa, a qual em nenhum momento deve ser encarada como caça às bruxas.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
URL Fonte: https://arenapolisnews.com.br/artigo/326/visualizar/
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