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Opinião
Segunda - 12 de Dezembro de 2011 às 20:59
Por: Wilson Carlos Fuá

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Para algumas profissões o envelhecimento chega muito cedo, principalmente para os atletas, e o futebol por ser o esporte mais importante do país, fica mais  evidenciado. Vemos grandes ídolos esquecidos e abandonados aos 40 anos, e aos 60 anos se transformam em pessoas totalmente envelhecidas, achando que a vida acabou, com os filhos crescidos e formados, netos já seguindo seus caminhos e não tendo tempo para ouvir conversas repetidas do avô, lhe restam a depressão e os porres constantes, até que um dia o fígado não agüentando  tanto álcool, finalmente deixa de funcionar.
        
O caso recente é do ídolo jogador e médico – Dr. Sócrates, que fez uso da bebida como fuga, sim ele queria fugir dele mesmo, e na solidão dos seus pensamentos, passava o  filme da sua vida, onde as  emoções e a importância pública ficaram para traz. Mesmo sendo médico, culto e ídolo, foi-se, suicidando dia após dia, até o álcool aniquilar as partes vitais do seu corpo irrecuperável.       
      
Na verdade ele que deveria ser exemplo de vida e de comportamento, a todos os jovens deste país, simplesmente preferiu deixar a vida fugindo pela porta do fundo, não servindo de espelho para uma juventude, que em alguns casos vivem pior do que ele viveu. Ele e sua geração promoveram e participaram de grandes movimentos de contestação: discursando e manifestando em movimento pela  redemocratização do país, ficou na memória de todos nós, aquele grande comício na Praça da Sé, onde o Dr. Sócrates aos gritos lutava pela aprovação da Emenda Dante de Oliveira, pela “Eleições Direta Já”, se posicionado contra a ditadura militar. E junto com jogadores do seu tempo, liderou a luta pelo direito dos jogadores participarem nas decisões dos Clubes. Transformou em ícone de liderança registrado na história do futebol brasileiro, e como o grande líder que implantou a democracia “Corinthiana”, onde tudo passou a ser decidido pelo voto e vontade dos jogadores, e que foi considerado como a  grande  revolução no mundo do futebol.
   
Ele como muitas  pessoas apesar de ter toda a felicidade  do mundo, viveu seus últimos dias a margem de suas limitações existenciais. Deixou de  acreditar plenamente  naquilo que dá fôlego e ânimo, que é estar sempre atento para descobrir  coisas novas, objetivar metas, alcançá-las e não deixar de gostar de desafios. Nesta vida há sempre algo novo para se aprender ou ter  novos interesses participativos que com certeza serão transformados nos elementos propulsores da grande saída  e  aliada  no combate direto contra a tristeza da alma, constituindo no melhor remédio  contra a depressão.
 
Hoje o consume de álcool já atingiu a camada mais jovem da sociedade, são meninas e meninos fazendo uso de bebidas destiladas em grande quantidade.  “As noitadas  estão cheias de jovens vazios” que usam a bebida como uma forma de achar motivo para viver, são transformados em caminhantes que cansam somente aos avistar os caminhos a serem percorridos, são jovens de mentes envelhecidas e entristecidas. Ao amanhecer vemos bares e lanchonetes repletos de jovens usando a droga liberada “Álcool”, são imagens desnudadas que mostram uma geração que precipitadamente estão desistindo dos enfrentamentos da sua existência, e há uma constatação que jovens estão decididamente firmando seu futuro nas limitações da falta de fé. A sua realidade é o nada  real, e o que é pior, antes mesmo delas se tornarem futuros reais. 
          
Ao invés de cultivarem novos sonhos, empreenderem novas realizações, ficam sentados em mesas lotadas de bebidas, esperando que a escuridão da madrugada seja destruída pelo brilho do nascer do sol, ficam procurando pelo que não perdeu e esperado pelo que não virá.  Sentados a mesas curtem os últimos momentos da balada, enfim o dia chegou. 
         
E, com a chegada de um novo dia ficam  a olhar o mundo real,  eles vêem  a vida passar aos seus olhos, vêem a vida real que  está dentro dos ônibus lotados, ao oposto deles, são pessoas que estão  em busca da sobrevivência, é o novo dia que começa sem lhe pedir licença,  composto de trabalhadores  felizes a sua maneira, vida calcada na labuta diária. 
      
A nossa desistência pela vida começa a acontecer quando nossos sonhos dão lugar às lamentações. Enquanto mantivermos acesa a chama do interesse pelas opções  que a vida nos oferece, ela, a vida, nos alimentará com o oxigênio da motivação que nos manterá jovem e com mente sadia por muito tempo. O início do dia começa mesmo que você não queira. Fim de um dia início de outro, resta-lhe ir para casa para curar mais um porre, e lá irão encontrar os pais bonzinhos, que são os financiadores  das baladas, das drogas e das bebidas que aniquilam  os próprios filhos. Filhinhos transformados em viciados sociais dissimulados.
            
Sócrates escreveu sua bela e triste história!

Tinha muita coisa para fazer, mas se escondeu nos valores egoístas da chamada solidão, alimentada pela rotina do dizer  “eu bebo socialmente”, e de gole em gole, a desmotivação tomou conta da  sua única  saída que era a alegria de viver,  galgada no status quo e no desejo de se auto-afirmar como um ídolo esquecido e escondeu-se atrás da sua fama, que nunca foi a garantia real para o sucesso eterno.
             

A alegria da vida ainda é vivê-la intensamente solidarizando com as pessoas, amando nossos pais, filhos, familiares, amigos, vizinhos, e todos os estranhos necessitados que cruzam diariamente em nossos caminhos. Ser feliz é adotar como princípio básico as ações com sentimento de compaixão, respeito, solidariedade e compreensão às dores alheias, tão comuns a todos nós que cremos na verdade do Cristo: “amai o próximo com a ti mesmo”. 

A diferença é que alguns choram mais baixo do que os outros e muitos outros desistem da solidariedade, levando a vida com aplicação de chutes para traz, ou seja, dando calcanhar na evolução espiritual.

Economista Wilson Carlos Fuá – É Especialista em Administração Financeira e Recursos Humanos
Fale com o Cronista:  fuacba@hotmail.com 
 


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