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Opinião
Segunda - 12 de Março de 2012 às 01:11
Por: Lourembergue Alves

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“O PSD deixou o staff da administração pública estadual”. Fato raro. “Mais ainda em Mato Grosso”, e, particularmente, em ano eleitoral. Pois, nesta época, a tendência é a de que o maior número de partidos continue próximo de quem tem a chave do cofre e a caneta para as nomeações. Até mesmo para acomodar apaniguados e destinar recursos e/ou obras para suas comunidades.

Isso, então, passa ser trunfo. Não mais para a sigla que entrega os cargos que lhe encontravam em suas mãos.
 “Situação curiosa esta dos peessedistas”, diria o leitor apressado. “Nem tanto”, balbucia outro, descrente da notícia. Afinal, eles mantêm a vice-governadoria e a condição de partido aliado. Embora teime, em discurso, que irão atuar no Parlamento com certa independência, sem, contudo, deixar de serem “caititus”. Papel, aliás, que desempenham muitíssimo bem, a exemplo dos demais parlamentares estaduais – conforme lembrou, outro dia, um deles.

Assim, a entrega dos cargos “vende” a imagem do “desprendimento” e do “espírito patriótico”. E até tem gente que acredita na dita história, e compra a referida imagem por ingenuidade ou, por outro lado, pela aproximidade que tem com um cacique ou chefete peessedista. Os blogs e as redes sociais estão cheias de exemplos nessa direção – estimuladas que são pelos próprios interessados que tal jogada, a da entrega dos cargos, surta o efeito desejado.

Isso, certamente, rende dividendos eleitorais significativos. Entende-se, então, a defesa por “uma reforma na máquina administrativa”. Parte do conjunto da ópera bufa, com o fim de dar seriedade àquilo que aparece recheado de lances humorísticos.

Instante em que a cena do entregar os cargos se une a uma segunda, o da pressão por maiores espaços, em especial pelo tamanho do PSD – maior partido no Estado -, que se juntam ao coro do plenário da Casa Legislativa, cujo eco se fará ouvir pelo governador.

O se fazer de surdo não funciona. Pois o Executivo carece ter a maioria, senão a totalidade dos deputados estaduais. Exigência, equivocada, do que se chama de governabilidade. Daí as negociatas, os conchavos e “merendas”. Parte das quais é utilizada para a eleição de cabos eleitorais, disfarçados ou fantasiados de candidatos a vereadores e a prefeitos. Estes têm sua importância no desenho de 2014. Um desenho que ainda não está pronto. Nem deveria. Mas já se pode visualizar um pedaço de seu rascunho político-eleitoral, e neste é visível – tanto quanto naquele – o papel do PSD, que não deve desgrudar do PMDB. Pelo menos em Mato Grosso.

Nesse sentido, dificilmente se acredita que os peessedistas irão fazer oposição ao governo. E mesmo se quisessem, não conseguiriam. Pois ficariam perdidos, quase identicamente ao PSDB no âmbito nacional. A exemplo dos tucanos, vale reforçar, os peessedistas também não têm discurso e projetos alternativos de governo. O que os obriga a permanecerem na base aliada. Condição que lhes pode ajudar nas disputas municipais. Sobretudo se o governador resolver participar efetivamente delas.
 Percebe-se, portanto, que o quadro está rico em encenações, jogadas para a platéia, sem perder de vista o uso da pressão para obter mais espaços. Evidentemente por isso, e por outras razões, que o discurso político é, por excelência, o lugar de um jogo de máscaras. Sobretudo pelas imagens que o político constrói para parecer fidedigno, em especial com suas estratégias discursivas de persuasão. Eis, então, a importância de se analisar a lengalenga da entrega dos cargos pelo PSD. 

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.    
 


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