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Opinião
Quarta - 25 de Abril de 2012 às 11:21
Por: Gabriel Novis Neves

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Li em uma revista especializada de medicina uma pesquisa realizada por uma universidade americana sobre o tempo útil da profissão de um médico.

Confesso que me surpreendi diante da constatação científica que este tempo é bem curto - contrastando com o longo tempo para preparar o médico para ser colocado no mercado de trabalho.

Certas especialidades, como por exemplo, a neurocirurgia na Alemanha, demora dez anos - após os seis de graduação.

Praticamente esses profissionais iniciam a sua atividade liberal aos trinta e cinco anos de idade. Isso não significa que durante esses anos todos, após a sua graduação, fiquem em um laboratório fazendo experiência em animais. Eles atendem nos hospitais de ensino, fazem cirurgias que, com o decorrer do processo ensino-aprendizagem, ficam cada vez mais complexas - sempre supervisionado por um professor. Só depois estará habilitado a realizar autonomamente as cirurgias.

No Brasil, qualquer especialista é obrigado a fazer três anos das disciplinas básicas (Residência Médica) e mais dois anos para o certificado de especialista em áreas da clínica médica ou cirúrgica. Mestrado e doutorado são, pelo menos, mais quatro anos.

O conhecimento aumentou de tal forma que, em vinte e quatro horas, ele sofre alterações.

Chegamos naquela situação em medicina que cada vez sabemos mais de menos, e o maior prejudicado é o paciente, que é único na sua estrutura psíquica e orgânica.

Continuando com os dados da pesquisa. Os pacientes preferem os médicos na faixa etária dos trinta e cinco a cinquenta e cinco anos.

Os mais jovens passam aos pacientes, segundo a pesquisa, pouca experiência, e os mais antigos, estão com o seu prazo de validade vencido.

Embora o número de médicos esteja em empate técnico com as médicas, as pacientes mulheres preferem os médicos do sexo masculino para tratamento. Dizem que eles transmitem mais confiança.

Diante de alguns fatos aqui citados, tabus são quebrados. Por exemplo: a vida útil de um atleta de futebol é curta. Não confere com a realidade. Muitas estrelas começaram sua carreira profissional com 16/17anos. Ronaldo Fenômeno, com 16 anos, disputou o brasileirão pelo Cruzeiro como titular, e no ano seguinte era astro na Holanda. Participou de quatro Copas do Mundo, está aposentado após vinte anos de muitas lesões.

O Baixinho Romário jogou até aos 40 anos e aposentou-se dos gramados por tempo de serviço.

Poderia citar uma infinidade, incluindo a turma da velha guarda como Nilton Santos, que foi campeão do Mundo no Chile aos 38 anos. E o eterno Pelé que aos 17 anos foi Campeão do Mundo na Suécia.

A vida profissional útil do médico no exercício da medicina está em torno de 20 anos. Trabalham acima das suas possibilidades humanas quando jovens para exercerem outras atividades profissionais, aqui no Brasil.

O profissional de futebol, mesmo não sendo estrela, é tratado com dignidade. O médico não passa de um mafioso e preguiçoso segundo algumas autoridades.

Resultado: enquanto os nossos atletas de futebol são produtos exportados para o mundo todo como preciosidades, o nosso interior não consegue nem contratar um médico. Não por causa de salários extravagantes, mas pelo fato do governo não oferecer o mínimo de condições para esses profissionais trabalharem - logo eles que tanto estudaram para serem úteis à sociedade.

O médico brasileiro hoje é um profissional, totalmente ignorado pelo poder público, que inclusive contratou empresas comerciais (OSS) para fazerem a interlocução com médicos em falta no nosso Estado.

O tempo útil da profissão de médico terá o seu final em breve, com o fechamento das escolas médicas por falta de alunos. A medicina alternativa está em alta e substituirá a hipocratiana.

Outras Arenas surgirão em nosso Estado, sem hospitais.


Gabriel Novis Neves



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