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Opinião
Domingo - 06 de Maio de 2012 às 10:52
Por: Lourembergue Alves

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A disputa pela prefeitura de Cáceres também é apimentada por desavenças pessoais. São estas, não os projetos para a cidade, que devem nortear à campanha eleitoral deste ano, assim como se deu com eleições passadas. Tudo, aliás, gira em torno da briga particular entre os Fontes e os Henry. Até mesmo quem nada tem de parentesco com qualquer um destes eixos familiares. Ainda que procure um caminho diferente, acaba por se valer de favores de chefes políticos pertencentes ou a um ou ao outro grupo familiar. Mesmo quando se posiciona longe das fileiras do DEM e do PP.

Quadro que deixa transparecer o personalismo do jogo político. A tal ponto que as brigas partidárias acabam igualmente por fulanizar. Processo que interfere, inclusive, na ocupação de cargos comissionados e/ou de chefias nos setores da administração pública local. Há casos que nem as sutilezas são capazes de esconder. Este, talvez, é o caso de uma ala petista, a governista, o que dificulta, por exemplo, a aliança da sigla com o PMDB, PP e PR. 

Esta aliança tenta a todo instante cooptar o PSD e o PSB. Partidos que já ensaiaram candidaturas próprias. Tratam-se de dois médicos, conhecidíssimos, porém “marinheiros de primeira viagem” em política. Nenhum deles abre mão da disputa. Embora lá pelas bandas da executiva regional, os socialistas já pensaram em ceder a “cabeça de chapa” para o peessedista, melhor posicionado nas pesquisas. Desculpa que, na verdade, tenta escamotear uma negociação direta entre os dois presidentes estaduais das duas agremiações. O que deixou bastante desgostoso o grupo da agremiação que apóia a candidatura do médico José Roberto Álvares.

Por outro lado, dentro do PSD, tem filiados que torcem por uma aproximação da sigla com os peemedebistas e os progressistas. Para tal, negociam a indicação do candidato a vice, cujo nome mais forte seria o também médico Leonardo Albuquerque (PSD) – apadrinhado do presidente da Assembléia Legislativa. Este médico, contudo, não tem o aval do Pedro Henry (PP), que insiste em alguém da sua família, ou a cunhada ou a esposa do deputado, pois o seu irmão estaria impossibilitado de entrar na disputa. 

Percebe-se, então, a força política dos Henry. Tamanha que, até agora, consegue minar qualquer tentativa do deputado Riva em ganhar espaço político no município – porta de entrada do Oeste mato-grossense. Até mesmo por exercer certa influência nos partidos políticos que se colocam no lado oposto do prefeito Túlio Fontes, a quem, hoje, se encontra quase que refém do cenário que a sua própria gestão criou. Por isso não consegue arrebanhar para junto de si nem mesmo os tucanos, já enfraquecidos, os quais pensam em apresentar para a disputa o sobrinho do reitor da UNEMAT. 

Muita coisa ainda pode acontecer. Junho está longe. As conversas acontecerão. Ainda que algumas portas se encontrem fechadas. Pois a disputa municipal difere bastante da estadual. Apresentam características particulares. Uma delas é a de que as desavenças pessoais movimentam as pedras de xadrez da política, e, na maioria das vezes, se transformam na própria briga pelo poder de mando. Daí a importância de se observar as jogadas, os lances patrocinados pelos Fontes e pelos Henry que, quase sempre, não são diferentes dos registrados pelos políticos em Sinop, Lucas e Sorriso – pois, em cada um destes lugares, existe um chefe que quer sobrepor aos demais, e isso reforça o particular no jogo político.


Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.    


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