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Opinião
Sábado - 12 de Maio de 2012 às 22:22
Por: Lourembergue Alves

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É interessante observar os lances no tablado da política. Tarefa que obriga o analista e/ou o estudioso da Ciência Política a analisar as divisões dentro de cada sigla partidária. Esta analise não deve ocorrer dissociada do contexto sócio-político registrado, nem distanciada da conjuntura político-eleitoral vivida. Até porque as agremiações não formam um mundo a parte, ainda que sejam todas personalizadas, assim como são as próprias disputas. É nesse sentido que se tem que discutir a desfiliação de um ex-secretário de Estado, o qual – por algum tempo - chegou a ser considerado “o homem forte” do governo Blairo Maggi. 

 Com a ascensão do peemedebista a chefia da administração pública estadual, o Partido da República continuou a comandar o maior número de pastas. Porém, o seu poder de barganha, junto ao governo, ficou enfraquecido, e isso era natural que ocorresse, afinal não tem mais o governador. Cacique algum, entretanto, contenta-se em perder espaço, sobretudo para não se mostrar frágil diante dos chefes e chefetes políticos. Situação que pode provocar rachas ou acirrar as desavenças internas.
 
O que resulta em denúncias de uns contra outros, a exemplo da que o deputado Wellington Fagundes fazia lobby para a empresa Delta. Justamente no instante em que este deputado se colocava como o mais cotado entre os republicanos para assumir a SECOPA, e o senhor Luiz Antonio Pagot – autor da denúncia - se encontrava longe da área central das decisões, longe inclusive do espaço midiático.
 Sua aparição, contudo, revelou um quadro de desavenças pessoais entre dois grupos dentro do mesmo partido. Desavenças que tem raízes fincadas no momento em que o PR foi gerado, em um processo mal acabado de fusão partidária. Escamoteado à época porque o partido passou a ter o governador, e isso, de certa forma, acomodou as facções em briga, graças às benesses do poder. Cenário bastante diferente do que se tem hoje, com os republicanos em verdadeira queda-livre. Bem mais para o grupo de republicanos liderado pelo ex-governador e atual senador, que sentia uma vez mais derrotado com a nomeação do deputado para a Secretaria da Copa. 

 Entende-se, agora, o porquê da denúncia do lobby, feita em uma publicação nacional. Pois inexiste outra razão, a não ser a cartada para impedir o enfraquecimento de um grupo. Já altamente fragilizado no meio de fogos cruzados, em meio à luta por cargos e por espaço no governo estadual. Seria aquilo que se convencionou chamar de “fogo amigo”. Embora se saiba que o tal “fogo” jamais poderia ser “amigo”, uma vez que os grupos em questão jamais estiveram unidos, apesar da trégua aparente vivida – e alimentada pelas tetas do Estado – e da mesma bandeira partidária que trazem em punho. Não mais pelo senhor Pagot, que se desfiliou, sem, contudo, esquecer de dar uma cutucada no adversário, com quem “não mais poderia permanecer no mesmo partido”.

 Nenhum dos dois adversários foi a nocaute. Ainda que se possa ver um PR desorientado e desorganizado, bastante receoso com as incertezas que norteiam à discussão sobre a presidência da AGER, bem como a pressão existente para a substituição do titular da Secretaria de Transporte e Pavimentação Urbana, somada a manutenção de alguém não indicado pelo partido para conduzir a SECOPA. Por isso, os republicanos – liderados pelo presidente regional da sigla – passaram também a defender uma reforma administrativa – a que venha assegurar-lhes o próprio poder de força dentro da base aliada. Retrato que se amplia com o veto a indicação de José Aparecido dos Santos para assumir uma secretaria. Veto justificado pela falta de vivência partidária, quando na verdade foi porque este pertence ao outro grupo de republicanos.              

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.  
 


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