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Opinião
Sexta - 01 de Junho de 2012 às 09:18
Por: Gabriel Novis Neves

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Morar em Cuiabá virou um exercício de despojamento. A cidade cresceu desordenadamente - sem o mínimo planejamento. Consequências: falta de serviços essenciais, de segurança e de toda a sorte de desconforto para a sua paciente população.

Alguém já conseguiu chegar, por exemplo, a um lugar guiando-se somente por um endereço? Difícil. Mesmo nos bairros ditos “chiques”, esta empreitada é quase impossível.

Vivenciei dias atrás essa desventura. Precisei ir a um determinado lugar. Estava com o endereço completo anotado: o nome da rua, o número da casa e do bairro, que era o Santa Rosa.

Percorri todas as ruas daquele bairro nobre. Sem chance! Simplesmente não existiam placas de identificação nas ruas.

Fiquei completamente perdido no bairro que vi nascer. Uma experiência inusitada. Pensei, por uns instantes, que seria interessante se eu adquirisse um GPS.

Mas não! Logo afastei esta ideia da cabeça. Não tenho disposição para empreender mais uma luta com a nossa sofisticada tecnologia.

Quando, por fim, localizei o endereço, me senti eufórico. Sentimento que Cabral deve ter sentido quando descobriu o Brasil – totalmente por acaso.

Não é por nada não. Mas, segundo soube, o Complexo do Alemão, Rocinha e Dona Marta – três das favelas mais populosas do Rio de Janeiro – possuem mais sinalizações de rua do que o bairro de maior PIB de Cuiabá.

Todos os prefeitos que nos governaram na Cuiabá “moderna,” executaram dois grandes projetos visando a melhoria da qualidade de vida dos habitantes do Arraial de Nosso Senhor Bom Jesus de Cuiabá.

Construíam novos abrigos para passageiros de ônibus e trocavam as placas com os nomes das ruas da cidade.

Alguns mudaram até o nome das ruas e avenidas, mas não pegaram.

Com a febre do crescimento da construção civil, os antigos casarões, que tinham as placas de identificação das ruas pregadas em suas paredes, desapareceram com as demolições.

Algumas ruas e avenidas da cidade têm o poste metálico de identificação. Mas, são tão minúsculas, que é quase impossível a sua leitura, principalmente pelos motoristas.

Como Campo Grande está bem sinalizada! Andei por lá tempos atrás me guiando somente pelas placas - que sempre me levaram, no menor espaço de tempo, ao local procurado.

Nem o satélite tem condições de nos ajudar em Cuiabá!

Esta capital, com quase trezentos anos de idade, parece uma cidade cega, mais para garimpo que para cidade que sediará uma Copa do Mundo.

Que situação!
 


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