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Opinião
Sexta - 03 de Agosto de 2012 às 22:45
Por: Lourembergue Alves

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Cada eleição tem o seu próprio desenho político-eleitoral. Inexistem duas eleições iguais, semelhantes ou parecidas. Ainda que elas tenham duas ou três características idênticas. Isso, entretanto, não transforma seus cenários em um só. Pois cada quadro eleitoral é único, uma vez que tem paisagem própria, assim como mudam as fotografias do atores. Com relação aos atores políticos deste ano, por exemplo, há um grande número de participação de mulheres. O que é muito bom. Embora com um número aquém do necessário.

 Quantidade pequena é verdade. Sobretudo em razão do índice percentual das mulheres na composição da população nacional, bem como da exigência da vida democrática. Detalhe, felizmente, que não diminui em importância das candidaturas femininas. Tem-se notícia, inclusive, que quarenta e cinco municípios terão apenas mulheres nas disputas pelas prefeituras – destes, cinco são de São Paulo e oito, do Rio Grande do Norte. Este é um dado interessante. Não registrado, nem presenciado em outras eleições. Mas significativo. Tanto quanto o é o crescimento das mulheres de eleição para eleição. Em 2008, elas eram 1.641 na briga pelo Executivo municipal; neste ano, são 1.907, ou seja, 12,5% do total de candidatos (15.304).

 Estampa fotográfica bastante sugestiva. Mais ainda quando se percebe que o tal crescimento é constante e permanente, e não unicamente localizado. O crescimento se estendeu a todas as unidades da federação. No Estado de Mato Grosso, aliás, são 369 candidatos a prefeito, dos quais 48 são mulheres (13% do total). A nota não tão satisfatória assim, contudo, ficou no registro de que apenas Várzea Grande, entre as cidades-pólos do Estado, apresenta uma candidata a prefeito. Isso não esconde, nem colocam em patamar menor as 71 candidaturas femininas a vice-prefeito, que se somam as 2.919 candidatas as cadeiras do Legislativo municipal. 

 Números importantes. Seria melhor se eles fossem maiores. Até mesmo em razão da quantidade de brasileiras, cujo registro é bastante conhecido em razão da publicação das pesquisas do IBGE, e também em razão da exigência da própria democracia. Esta exige a participação de todos os cidadãos. Participação que não se restringe, evidentemente, a entrada na disputa por uma cadeira na Câmara de Vereadores, tampouco se reduz a briga pelas prefeituras. Não que estas entradas e brigas não sejam relevantes. São. Porém bem maior é a efetiva participação nos negócios públicos, nas questões políticas e no diálogo entre governantes e governados. Diálogo, quando existente, permite que o munícipe fiscalize mais e cobre mais, em especial a respeito das reivindicações tantas vezes realizadas. 

 Isso, contudo, não faz com que se ignore o crescente número de candidatas femininas nas eleições deste ano. Nem deveria. Sobretudo quando se sabe da grande predominância de homens nas cúpulas partidárias. São eles, não elas, pelo menos alguns deles, que fazem dos partidos extensão de suas propriedades – transformando-os em feudos, os quais são dirigidos com mãos coronelísticos.
Situação, contudo, que reduz o papel da maioria dos militantes. Reduzindo-a unicamente para o papel de coro, jamais na condição de agente com vez e voz, a igualar-se com a dos coronéis.
Assim, fechadas e controladas, as siglas não têm a democracia como prática diária, e isso dificulta a presença maciça das mulheres. Explicam-se, então, os destaques femininos apenas quem são apadrinhadas, ou são esposas, ou filhas de coronéis dos partidos. Isso é bastante grave, e, por conta disso, inaceitável.      

Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.  
 


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