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Opinião
Sexta - 03 de Agosto de 2012 às 22:46
Por: Juacy da Silva

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O mês de agosto é marcante na vida política e institucional brasileira. Em agosto de 1954 ocorreu o suicídio do então presidente da República Getúlio Vargas, acuado em meio a casos de corrupção e acobertamento de assassinato do Major  Vaz ,da aeronáutica, quando o alvo era Carlos Lacerda, ferrenho opositor de Vargas.

Em aogsto de 1961, de forma inesperada e pouco explicada até hoje, ocorreu a renúncia de Jânio Quadros e o Brasil esteve a beira da Guerra civil, abrindo caminho para a intervenção dos militares em 1964, após quase três anos de instabilidade política e institucional.

Mais de quatro décadas , novamente em Agosto,  é iniciado o julgamento do MENSALÃO, pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Este é considerado pela Procuradoria Geral da República, tanto na época do oferecimento da denúncia em 30 de março de 2006 quanto na opinião do atual procurador geral que sustentará as acusações, respectivamente: “ a mais sofisticada quadrilha destinada a comprar apoio de partidos para o projeto politico do PT” e “ o mais atrevido e escandaloso esquema de corrupção e de desvio de recursos públicos flagrado no Brasil”.

Essas afirmações constam das peças acusatórias do então Procurador Geral da República  Antonio Fernando de Souza e do atual Procurador Geral Roberto Gurgel. Este será um dos julgamentos mais complexos envolvendo figuras de destaque do mundo politico e empresarial ocorrido em nosso país. Talvez assim continue até que um dia outros processos como  os casos Carlinhos Cachoreira e a demissão de seis ministros do Governo Dilma, acusados de corrupção, sejam devidamente esclarecidos e os envolvidos chamados `as barras dos tribunais.

As acusações a que os réus do  MENSALÃO devem responder vão desde  caixa-dois em campanhas políticas, lavagem de dinheiro, evasão de divisa, corrupção ativa e passiva e formação de quadrilha. É um processo enorme com 147 volumes, 173 apensos e em torno de 69 mil páginas e poderá demorar mais de um mes para o veredícto final, caso não ocorram  manobras por parte dos advogados dos réus no decorrer do julgamento.

Além dos aspectos jurídicos em si, o julgamento do MENSALÃO envolve também aspectos políticos tanto em decorrência do elevado status dos réus  quanto de seus advogados, incluindo ex-ministro do Governo Lula e também a questão da suspeição de um ministro do STF pelas suas vinculações políticas e partidárias e cargos anteriormente ocupadas.

Nos meios castrenses  costuma-se dizer que é facil saber como os tanques e soldados saem das casernas o difícil é imaginar quando e como voltam novamente aos seus quartéis. Talvez isto também possa ser aplicado ao julgamento deste rumoroso processo.  Depois de anos dos escândalos que macularam boa parte do governo Lula, finalmente, o MENSALÃO começa a ser julgado.  Quando e  como vai ser seu encerramento, creio que só Deus sabe  e qualquer prognóstico pode ser errôneo.
De uma coisa podemos estar certos, o desenlace deste caso poderá fortalecer o Poder Judiciário e demais instituições nacionais e a própria democracia ou desmoralizar de vez nosso país interna e internacionalmente. Afinal, o que está  em jogo é a transparência e ética nas relações políticas em uma democracia meio capenga, ainda! O povo não deseja mais pizza, mas sim mais ética e transparência na política. Este é o anseio nos quarto cantos deste país!

JUACY DA SILVA, professor universitário, mestre em sociologia e colaborador/articulista de A Gazeta. Email professor.juacy@yahoo.com.br  Blog www.professorjuacy.zip.net  Twitter@prof
 



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