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Opinião
Quarta - 19 de Setembro de 2012 às 17:54
Por: Lourembergue Alves

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O debate político-eleitoral é um instrumento interessante. Tanto para os candidatos quanto para o eleitorado. O que reforça a relevância do palanque eletrônico. Bem mais quando se acabou com os famosos shows-mícios.

Certamente por isso, se esperaram muito pelo primeiro encontro televisivo dos postulantes a prefeitura de Cuiabá. Desta feita em horário diferente do costumeiro. Uma opção louvável e elogiável. Ainda que se façam críticas a respeito do formato utilizado. Isso, de forma alguma, diminuiu a importância do confronto entre as candidaturas.

Confronto que bem poderia ser transformado em esgrima. Esgrima que não houve. Nem deveria mesmo existir por força da própria incapacidade dos candidatos em ir além do script decorado.

Eles ficaram presos a repetição do que estão a dizer nos programas eleitorais.

Até as perguntas de candidatos para candidatos se fizeram repetidas, assim como eram antigas as frases-chaves de suas falas, a exemplo do “ter experiências em formar grupos de trabalho”, “equipes” e do saber “cobrar”; do “alinhamento” ou “sintonia” com os governos federal, estadual e municipal, somado a condição de “ser servidor público municipal de carreira”; do privilegiar o próprio “funcionário” para chefiar as “secretárias” e a opção pelo “concurso público” como arma contra o “fatiamento dos cargos”; do diagnóstico que “Cuiabá paga um preço caro por ser a única Capital do país que não tem um hospital estadual”; da “presença da Polícia Militar com a Guarda Municipal” e a defesa da Secretaria de Cidadania de Combate à violência, uma vez que “para trabalhar segurança pública tem que ter essa sintonia e não vai ser um discurso de alinhamento que vai mudar isso”.

Frases que nada dizem. Pois foram pronunciadas desacompanhadas de seus suportes necessários, que, na verdade, são os programas e projetos. Erro que, por certo, foi identificado por quem se encontrava à frente da TV, das 11h00 às 14h00.

Igualmente não passou despercebido do eleitor-telespectador a tática equivocada de Maluf, Lúdio Cabral e Carlos Brito, que ao invés de fecharem o cerco contra Mauro, preferiram atacar-se mutuamente. Isso ficou claro no bate-boca entre o petista e o peessedista, como um prolongamento do horário político-eleitoral.

A ponto, por exemplo, do representante do PT acusar o indicado pelo PSD de fazer o jogo do empresário-socialista. Este, então, se apresentava livremente, exceto vez ou outra quando cutucado pelo procurador-candidato. Mas sem qualquer dano a imagem dele, construída durante as três campanhas eleitorais (2008, 2010 e 2012). Até a lengalenga do incentivo fiscal foi ressuscitada por Carlos Brito, porém de uma maneira inapropriada e sem o questionamento devido, o que favoreceu – uma vez mais – o postulante do PSB.

O debate, portanto, transcorreu no espaço formado entre estocadas equivocadas e o rosário de lero-lero. Promessas que se passavam por propostas, e estas desconectadas do seu real sentido, pois, tanto quanto ao plano registrado no TRE/MT, eram confundidas por ações.

Ações que se diluíam pela ausência de substâncias, de fundamentação. Daí o emprego, em demasia, de chavões e de termos repetitivos. Nesse sentido, “parceria” foi à palavra mais utilizada pelo petista, como se o processo nunca tivesse sido adotado por governos anteriores e os atuais.

Isso, entretanto, não esconde o seu propósito de passar por seguro, e, em alguns instantes, se mostrou neste particular mais do que os demais. Virtude que lhe pode ter rendido dividendos eleitorais significativos.

LOUREMBERGUE ALVES
é professor universitário e articulista político em Cuiabá.
lou.alves@uol.com.br


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