Pau que dá em Chico, dá em Francisco
Antes das convenções partidárias e das definições das candidaturas, um debate intenso dominou a pauta da imprensa local durante alguns dias, foi o fator “trampolim”. Na indefinição de Mauro Mendes, se seria candidato a prefeito ou ao governo em 2104, ou os dois, o senador Pedro Taques bradou em alto e bom som que não iria admitir que Cuiabá fosse usada como trampolim, e cobrou de forma dura, uma posição de Mendes, que caso fosse eleito cumprisse o mandato por inteiro. Mauro que não é muito de levar desaforo pra casa deu a resposta à altura, dizendo: “pau que dá em Chico também dá em Francisco”. Cobrando do senador Taques o compromisso de cumprir seu mandato de senador na totalidade, ou seja, por oito anos, e não usar este mandato como trampolim para se lançar ao governo em 2014. Gostei da posição de Mauro Mendes, mostrando coerência do discurso com as ações, mas acima de tudo deixando claro que ninguém esta acima do bem e do mal, ninguém goza de privilégios.
Passado as convenções, e no calor da campanha, me assustei quando li varias declarações de Mauro, dizendo que em 2014 seu grupo tinha dois candidatos ao governo, Blairo Maggi e Pedro Taques. Não precisa nem dizer que ambos estarão na metade do mandato de senador em 2014. Começava ai o festival de bobagem, incoerência e demagogia que iria assolar nossa querida Cuiabá. Se não bastassem as coligações nada republicanas que Mendes e Taques fizeram nesta eleição, outro fato me chamou a atenção, as criticas de Mauro as OS´s.
Todos acompanhamos pela imprensa o processo de implantação deste modelo de gestão na saúde, assim como todos nós lembramos que o modelo implantado em Mato Grosso, teve como referência o governo de Pernambuco, do governador Eduardo Campos, presidente nacional do PSB. Para quem não se lembra, Eduardo Campos é aquele que esteve em Cuiabá no primeiro comício de Mauro Mendes, e foi apresentado como exemplo de gestor público.
Para a saúde do processo eleitoral e a consolidação da democracia de fato, é necessário que os candidatos tenham o mínimo de coerência e respeito aos eleitores, deixando claro suas posições e ideologias, ainda que isso lhes traga algum desgaste. Ao criticar a gestão estadual na área da saúde, Mauro traz para eleição municipal, a disputa de 2014, e falta com respeito ao eleitor, ao não criticar a política de sucateamento na saúde, promovido por Blairo Maggi. Que fechou centenas de leitos em Cuiabá e estagnou o processo de interiorização e descentralização da saúde, iniciada na gestão de Julio Muller/Dante, causando um estrangulamento no município de Cuiabá, que teve que atender a demanda do interior. Isso é fato, e ninguém em seu juízo perfeito irá contestar. Apesar de ter perdido duas eleições, Mauro teve um ganho político muito grande, baseado na coerência do seu discurso e em suas posições firmes. Nesta eleição já perdeu muito politicamente, e a derrota eleitoral já se desenha no horizonte, e para que não saia bem menor do quando entrou, precisa esclarecer rapidamente: Aprova a gestão do prefeito Chico Galindo, a quem se alinhou recentemente? Aprova a política de saúde adotada por Blairo Maggi? É a favor ou contra as OS´s, vitrine da gestão Eduardo Campos? Acha natural Taques e Maggi abandonarem o mandato pela metade para concorrer ao governo em 2014? Aprova a gestão do PSDB em Cuiabá, que teve como pilares José Antonio Rosa e Antero Paes de Barros? Aprova o modelo atual de transporte público explorado por seus apoiadores?
Pau que dá em Chico não dá mais em Francisco?
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