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Opinião
Domingo - 23 de Dezembro de 2012 às 09:58
Por: Gabriel Novis Neves

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Dezembro é um mês totalmente diferente dos demais. Não por ser ele o das tradicionais festas de final de ano - em que brindamos os doze meses que se findam com os seus feriadões prolongados - o mês do Papai Noel, festinhas, presentes ocultos ou não, abraços, viagens e o décimo terceiro salário, que para alguns chega ao décimo sexto. Dezembro é diferente porque possui uma característica única.

Em dezembro, e só em dezembro, todos os nossos problemas serão resolvidos no “ano que vem”.
Vou citar alguns exemplos, mesmo correndo o risco de cometer injustiças ao esquecer-me de alguns.
Sem ordem de prioridades escolhi a nossa economia, que teve este ano um desempenho fraco, ficando muito abaixo das previsões do governo. Este não é um bom sinal e lembra recessão, inflação e desemprego.
O governo tomou a iniciativa de acalmar a população, avisando que tudo voltará ao normal - no ano que vem.
A saúde pública brasileira totalmente sucateada, desmoralizada, indigna de uma nação civilizada, terá um tratamento diferenciado, pois os repasses aos municípios não sofrerão atrasos ou calotes, e o médico se fixará no interior - no ano que vem.

O ensino brasileiro sofreu uma humilhante avaliação dos organismos internacionais, deixando o mundo sem entender como um país que possui a sexta economia ocupa as últimas colocações de um rol de oitenta universidades dos países de melhor desempenho econômico.
O governo acusou o golpe, e a presidente citou como prioridade nacional a educação, que será bancada com os recursos que virão do pré-sal - no ano que vem.
No Brasil o número de usuários de crack, superou o dos dependentes do álcool. Políticas públicas serão incrementadas para corrigir esse grave mal social, destruidor da nossa juventude, mas - no ano que vem.

Será feito um permanente mutirão cívico em todo o Brasil com equipes multiprofissionais treinadas e motivadas para reverter esse câncer destruidor das nossas esperanças - no ano que vem.
Os constantes apagões de energia elétrica traduzem a falta de investimento na área e excesso de publicidade enganosa.
Voltamos ao período do racionamento de energia, mas o governo controlará a situação - no ano que vem.

A má administrada Petrobrás deixou um rombo de país rico na nossa conta. Prejuízos bilionários foram plantados e o período é de colheita do fracasso da empresa que era nossa.
As falhas foram detectadas nos seus pontos de vazamento, e tudo será recuperado com juros e correção monetária - no ano que vem.

Os casos de corrupção que pipocam em todo o país, com revelações semanais de como eram investidos o nosso dinheiro, com a punição do independente Supremo Tribunal Federal dos figurões da República, que não são qualquer um, serão totalmente extirpados do nosso país - no ano que vem.
As inexistentes malhas viárias para escoamento dos nossos produtos agrícolas, que são a nossa principal riqueza serão totalmente recuperadas e ampliadas nos moldes alemães, no ano que vem.
A deficiência de aeroportos com tecnologia de ponta será sanada com a construção de cerca de oitocentos aeroportos - ano que vem.

Haverá ampliação do transporte por via férrea premiando, em especial, os Estados campeões no agronegócio tornando os seus produtos mais competitivos no mercado internacional com modernização dos nossos portos de exportação - mas tudo só no ano que vem.

O asfaltamento da estrada Cuiabá-Santarém será concluído - no ano que vem.
O governo fará concurso para o ingresso no serviço público acabando com os milhares de cargos comissionados e de contratos por prazo determinado - no ano que vem.
Será implantada a meritocracia nos órgãos públicos e a obesa maquina oficial será lipoaspirada - no ano que vem.

O Congresso Nacional terá expediente normal durante a semana e legislará em benefício do povo - no ano que vem.
O Judiciário trabalhará em velocidade de Fórmula 1 e nenhum processo ficará retido por anos - no ano que vem.

Todos os nossos problemas sociais terão prioridade - no ano que vem.
Finalmente, as obras atrasadas da Copa do Mundo terão os seus cronogramas reajustados e todas serão entregues e funcionando - no ano que vem.
Feliz ano que vem.

 



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